• Carregando...

Aziz Ansari e Jesse Eisenberg, em 30 minutes or less (2011)

No começo da noite, respondi a uma entrevista por e-mail para o futuro jornalista esportivo Marcio Kaviski. Uma das perguntas era qual o melhor jogo de futebol que eu já tinha visto. Indiquei não o melhor (sinceramente, não lembro), mas o mais marcante, a final do Paranaense de 90, a primeira decisão de título a que eu assisti no estádio. Se eu tivesse ido a Curitiba ver o jogo no Couto Pereira, certamente o Coritiba 3 x 2 Vasco de agora à noite ocuparia esse posto.

A decisão da Copa do Brasil teve absolutamente todos os ingredientes de um jogo histórico. Tensão no início ao fim, grandes jogadas, belos gols, heróis, vilões. Como escrevi em outros posts, um jogo e um dia para ficar marcado para todo mundo que gosta de futebol.

Impossível dissociar o resultado da escalação inicial do Coritiba. Ao colocar três volantes em campo, Marcelo Oliveira anulou a vantagem psicológica do 5 a 1 dos reservas no domingo. Pôs o Coxa em uma condição excessivamente respeitosa, demonstrou um temor pelo adversário que não se justifica. Coritiba e Vasco são do mesmo nível.

O castigo por renegar o estilo que marcou o Coritiba em 2011 – em nenhuma outra partida do ano o Coxa jogou assim – veio no gol do carrasco Alecsandro após jogada do infernal Éder Luís. E na incapacidade alviverde em, com poucas opções ofensivas, pressionar o Vasco.

O erro durou 27 minutos. Marcelo Oliveira pelo menos teve a humildade de reconhecer a falha e não cair na vala comum de insistir nela até o intervalo. Não dá para fritar Marcos Paulo pela má atuação. Foi exigida dele uma função para a qual não estava preparado.

O Coritiba, com Leonardo em campo, como deveria ter começado, reequilibrou o jogo. Foi instantâneo, como se o time tivesse trocado o aperto de uma roupa que não lhe serve pelo conforto daquela que estava acostumado a vestir.

Ainda assim, o Coxa não conseguiu ser dominante em momento algum da partida. Fez o primeiro gol como reação imediata à substituição e o segundo em um momento em que o Vasco era melhor. Faltava (mais uma vez) aproximação entre as peças ofensivas e um passe mais eficiente para fazer a bola chegar do meio ao ataque. Problemas que se estenderam ao segundo tempo.

A falha de Edson Bastos (mesmo com o efeito do chute de Éder Luís) apenas recolou o Coritiba a uma distância do título em que ele se manteve durante toda a decisão. Nem o golaço de Willian conseguiu dar início a uma pressão consistente. O Coxa ia ao ataque sem muita ordem, chuveirando a bola de qualquer lugar, à espera de uma bola espirrada no pé de um atacante que não veio em momento algum.

O resultado final diminui o que o Coritiba fez até aqui na temporada? Obviamente não. Na verdade, os placares da decisão refletem bem o que faltou para o Coxa, um detalhe: um acerto na escalação, um capricho a mais no passe, um pouco mais de experiência do time, uma movimentação mais atenta de Edson Bastos na hora do gol. Enfim, um passo a mais.

Agora, o Coritiba precisa se reorganizar rapidamente. Há 35 rodadas do Brasileiro pela frente e sonhar com a Libertadores é plenamente possível. Em 85, o Coxa chegou à final do Brasileiro, foi campeão, mas não teve o menor planejamento para fazer daquele um fato corriqueiro nos anos seguintes. O vice-campeonato da Copa do Brasil oferece oportunidade similar. O Coxa precisa se planejar para que a campanha deste ano não passe para a história como um “acidente de percurso”.

****
Para não deixar dúvida. Marcelo Oliveira errou na final. Mas seu trabalho à frente do Coritiba ainda é excepcional. Tem crédito.

*****
O mesmo vale para Édson Bastos, que já fez muito pelo Coritiba e falhou na pior hora possível. A ida ao ataque no último lance do jogo mostrou que ele estava em transe pelo que tinha acontecido. E os relatos pós-jogo falam dele chorando muito no estacionamento do Couto Pereira. Merece o apoio do torcedor.

*****
Éder Luís e Alecsandro foram os dois grandes jogadores do Vasco na Copa do Brasil. Chamaram a responsabilidade e foram decisivos no jogo mais importante da competição.

*****
Vi algumas vezes o lance em que o Coritiba reclamou pênalti em Leonardo, logo após o 3 a 2. Para mim, não foi.

*****
Festa linda das duas torcidas. Todos os presentes no estádio deixaram o Alto da Glória com o check-up em dia.

*****
Por outro lado, um absurdo os objetos arremessados contra jogadores do Vasco durante a espera da premiação. Mais uma vez partiu de onde fica a Império, que mostra não ter aprendido mesmo com todo o prejuízo que causou ao clube. E por favor, que ninguém veia com a desculpa vil do “ninguém vai fazer festa na nossa casa!”. Isso não é argumento de gente civilizada.

*****
Está em crise de abstinência após a final da Copa do Brasil? No twitter do Bola do Corpo tem prorrogação, pênaltis e jogo-desempate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]