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Coluna publicada na Gazeta do Povo impressa de terça-feira


Vilson Ribeiro de Andrade (à esq.) foi ao CT da Graciosa para se reunir com o técnico Marcelo Oliveira e com o elenco: cobranças deram o tom do dia alviverde

Faca no pescoço. Não há outra maneira para definir como o técnico Marcelo Oliveira vai para o banco de reservas do Couto Pereira, hoje à noite. O mais curioso é que a pressão crescente sobre o treinador ricocheteia em uma redoma construída em volta dele pela diretoria. A não ser que aconteça uma tragédia, Marcelo não cairá nem amanhã nem tão cedo. E por tragédia quero dizer algo como ser goleado em casa pelo Londrina, levando chocolate, chegar ao Atletiba já eliminado e ainda ver o rival ser campeão antecipado no Alto da Glória. Um empate sofrido, pressionando o Tubarão, não é tragédia, por exemplo.

Não é do estilo de quem dirige o Coritiba hoje decapitar um treinador com dois meses de temporada. Vilson Ribeiro de Andrade construiu uma carreira bancária sólida, está acostumado a dar tempo para os gerentes de setor cumprirem seus objetivos. Em uma estrutura empresarial, que tanto se fala em reproduzir no futebol, Marcelo é o gerente do setor mais visível do Coxa, o time, mas não pode ser crucificado sozinho se as coisas dão errado. É essa lógica que, claramente, guia a gestão alviverde. O presidente não parece ter sido engolido pelo imediatismo tão comum no futebol.
E, sinceramente, não creio que seja o caso de mandar Marcelo Oliveira embora. O Coritiba terminou a temporada passada com um time pronto e começou 2012 sem peças importantes. O meio-campo ainda não se rearrumou após a saída de Léo Gago – e olha que o segundo semestre dele foi no máximo mediano. Pereira está jogando menos do que Jéci. A cada canelada de Marcel e Caio Vinícius mais cresce a saudade de Bill e assim por diante.

Com a estrutura deixada por Ney Franco (jogava no 3-5-2, com dois volantes, um meia e laterais ofensivos), o Coritiba começou a temporada passada tropeçando. Empatou dois dos cinco primeiros jogos do Estadual, ganhou os outros três jogando pouco mais que o necessário. Começou a mudar na sexta rodada, quando um zagueiro foi trocado por um meia e o clube abriu a série de 24 vitórias com um 5 a 0 sobre o Iraty. Foi a transformação do time de Ney Franco no time de Marcelo Oliveira.

Neste ano, Marcelo Oliveira percebeu a mesma necessidade de mudar quando o esquema com dois volantes marcadores passou a travar a saída de bola. Mexeu no time, mas não obteve retorno imediato. Segue mudando e ainda não achou o caminho certo. É muito mais razoável dividir a culpa do treinador com a diretoria (as contratações foram feitas em consenso) e os próprios jogadores, já que alguns têm atuado muito mal, casos de Pereira, Renan Oliveira e Marcel – o último, ainda com um fiapo de ressalva por ter passado um semestre inativo.

O momento do Coritiba requer atenção especial e ação rápida para resolver os claros problemas da equipe. O clube não pode confundir agilidade com pressa – nem perder de vista que paciência e morosidade sempre caminho muito próximas.

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Coluna reproduzida (com delay), recomendo a leitura da entrevista do Vilson Ribeiro de Andrade ao blog do Napoleão de Almeida. A destacar: a confirmação de que demitir Marcelo Oliveira está fora de cogitação, quem não estiver bem será afastado sem muito alarde e a relação dele com Petraglia azedou de vez.

Sobre o técnico, é o que escrevi logo acima. Dos jogadores, não será muito difícil descobrir, basta ver quem sumir subitamente até do banco de reservas – só espero que não se use como justificativa para o afastamento contusões inexistentes. Sobre Vilson e Petraglia, outro dia escrevo desse assunto. Com todo o respeito que ambos merecem, hoje é dia de jogo, de bola rolando, dirigentes podem esperar.

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