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Ronaldo vai integrar o Comitê Organizador da Copa de 2014

Virou chacota dizer que o Pelé e o Edson são duas pessoas diferentes. Pelé é o gênio que merece o status de maior jogador de futebol da história. Edson é o ex-dono de empresa de marketing esportivo que se meteu em negócios suspeitos, o sujeito que se aproxima e se afasta do poder de acordo com a conveniência financeira.

Depois da entrevista em que explicou (com alguns furos) sua atuação como integrante do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, Ronaldo precisa encontrar uma identidade nova para a sua atuação fora de campo, sob o risco de jogar na lama o nome construído fabulosamente como jogador profissional de futebol.

Ronaldo disse não haver conflito de interesses nem tráfico de influências na conciliação entre sua nova função e a atuação à frente da 9ine, empresa da qual ele não irá se desvincular. Impossível.

Ronaldo tem contratos pessoais com empresas ligadas à Copa do Mundo (Ambev) e com empresas concorrentes de empresas ligadas à Copa do Mundo (Claro e Oi, Nike e Adidas, assim por diante). Ronaldo gerencia a carreira de Neymar, o mais importante e vendável jogador do país-sede da Copa do Mundo. Como dissociar a participação de Neymar de algum evento da Copa do Mundo da presença de Ronaldo no Comitê? Como não pensar que algum contrato que vier a ser assinado pelo jogador com um patrocinador da Copa não existiu apenas pela presença de Ronaldo no COL? Como Ronaldo irá se portar – na mesa de negociação ou nos bastidores – se uma empresa cliente da 9ine negociar um acordo com o COL? Há conflito de interesses. Há, no mínimo, suspeita de tráfico de influências.

Mas a frase mais contundente, aquela que deixa claro o pensamento do Ronaldo homem de negócios é sobre as prioridades de investimento no Brasil: “Copa do Mundo se faz com estádios, não com hospitais, amigo”. Típico cinismo disfarçado de visão empreendedora, posição padrão de quem está envolvido com a nebulosa operação da Copa de 2014 no Brasil.

Ao aceitar o convite de ser escudo para Ricardo Teixeira, Ronaldo deixa claro que esse, agora, é o seu time. O time de quem enche a boca para falar que abre mão do salário previsto para quem é conselheiro do COL, um verniz ralo para dar uma fachada digna a uma função que, é sabido, permitirá contatos muito mais lucrativos que um ganho mensal fixo.

Ironia suprema, Ronaldo se encontrará muito com Pelé, indicado embaixador da Copa pelo governo federal. Entre uma reunião e outra, poderá aprender como ser um homem de negócios aberto a qualquer negócio sem jogar na lama o nome construído nos gramados. Afinal, como Ronaldo cansou de repetir na coletiva, é tudo pela alegria do povo brasileiro, não é mesmo?

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O que dizer de uma coletiva em que é preciso o próprio entrevistado perguntar a si mesmo se há conflito de interesses e risco de tráfico de influências na função que ele está assumindo?

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