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Lugano foi franco ao falar do Brasil

Acompanhar a seleção uruguaia na Copa das Confederações é uma missão inglória. A agenda de treinamentos é instável, as atividades acabaram marcadas para o distante e enlameado CT do Sport. Nem quem divide hotel com a delegação celeste tem um acesso mais fácil. Os hóspedes do Mar Hotel, além de apresentar o cartão de entrada nos seus quartos, precisam de um passe assinado pela recepção para circular livremente. O desejo de alguns jornalistas uruguaios almoçar no hotel hoje, por pura praticidade, exigiu um esforço de logística.

Por tudo isso, a oportunidade de encontrar Diego Lugano parado na porta do elevador não poderia ser desperdiçada. Mesmo com a “marcação-pressão” de dois seguranças. Parti para o ataque junto com o colega Thiago Arantes, da ESPN. De cara, perguntei da decisão de não fazer o treino de reconhecimento do gramado da Arena Pernambuco, se era exclusiva da comissão técnica ou compartilhada com os jogadores. Lugano falou da decisão conjunta.

Thiago tocou no tema violência. Mais especificamente, na manifestação contra o aumento no transporte coletivo paulistano, que provocou intenso confronto entre polícia e manifestantes na quinta-feira. Lugano trocou São Paulo pela Turquia em 2006, mas não deixou de acompanhar o dia a dia do Brasil. “Às vezes sei mais até do que quem vive aqui”, disse.

Com a complicada chegada uruguaia ao Recife, não acompanhou os distúrbios de quinta-feira. Pediu detalhes. Dos motivos da manifestação. Da relação qualidade do transporte coletivo x preço da tarifa. Da ação da polícia.

Logo deduziu que, na raiz, era mais um problema de segurança como tantos que ele se acostumou a conviver no Brasil. Se acostumou sem aceitar. E por mais que, sistematicamente, seu nome seja cogitado como possível reforço de clube brasileiro — até no Coxa foi especulado após a contratação de Alex –, são situações como a de quinta-feira que, no fim das contas, o fazem recusar voltar ao país.

“No fim das contas não. No começo das contas isso já pesa para eu não voltar a jogar no Brasil. A questão de segurança é muito importante e fica mais importante quando estamos mais velhos. Quando eu era mais novo, dava cabeçada na parede. Agora, eu tenho família”, disse.

Em meio a inúmeras derrotas sociais muito mais importantes simbolizadas pelos protestos de quinta-feira, há um pequenina, mas significativa para o futebol. Não poder contar com um zagueiro que poderia melhorar o jogo no país dentro de campo e fazer a boleiragem nacional olhar com mais atenção para o que acontece à sua volta.

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