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Há algumas semanas Toninho Cecílio tem soltado pílulas da insatisfação com o tratamento que recebe da diretoria paranista. Basicamente, são dois calos: não ter participado ativamente do planejamento do Campeonato Paranaense e não ter recebido um aceno (positivo ou não) sobre renovação de contrato para a Série B. Hoje, na coletiva pré-jogo com o São Bernardo, Toninho tornou pública essa insatisfação — reforçada pelo teor decisivo que a partida assumiu também para a sua permanência no clube. Uma reivindicação correta, mas na hora errada.

Toninho está no Paraná desde setembro. Tempo de sobra para avaliar se seu trabalho serve ou não para a Série B. Vendo de fora, eu já cheguei à minha conclusão e externei aqui: não é o cara certo para treinar o Paraná na Bezona. Acompanhando tudo de dentro, a diretoria tem muito mais subsídio para cravar um veredito, favorável ou não. É impensável que o jogo do São Bernardo mude isso. Portanto, a cúpula tricolor já tem uma posição. Deveria adiantá-la a Toninho. Seria bom para ambos.

Se a intenção for trocar — há claros indícios de que é –, o Paraná se sentiria mais à vontade para buscar um novo treinador. Aliás, se Toninho não for ficar, o Paraná já precisa ter um nome encaminhado. Os estaduais estão entrando na fase decisiva e as boas opções precisam ser agarradas agora. Vale para o clube que está procurando um novo técnico, vale para o técnico que precisa de um novo emprego.

E se a diretoria paranista acha que Toninho é o técnico ideal, torna-se ainda mais absurdo não avisá-lo disso. Evita-se um estresse desnecessário, permite a Toninho ajustar o campo de visão para a Série B e abre a possibilidade de acertar algumas arestas no procedimento de montagem do time.

Aí, entro no jogo com o São Bernardo. Quem não for capaz de conduzir um planejamento de temporada e um jogo decisivo paralelamente, honestamente, não deveria mexer com futebol profissional hoje em dia. É possível — e necessário — manejar as duas situações ao mesmo tempo. Mas vender essa conciliação como algo inviável pode ser extremamente conveniente para alguém que, definitivamente, não é Toninho Cecílio.

Se o Paraná for eliminado (o risco existe), já se tem a justificativa pronta para a saída do treinador. Fez um Paranaense fraco, foi eliminado em casa na primeira fase da Copa do Brasil, falou de renovação ao invés de pensar exclusivamente no jogo. Toninho sai como vilão e abre-se uma cortina de fumaça para problemas de montagem do elenco que dizem respeito unicamente à diretoria. Não deixa, de certa forma, de lembrar o cenário da saída de Ricardinho.

A celeuma chegou a tal nível que mesmo uma classificação pode trazer efeitos colaterais indesejáveis. Eliminar o São Bernardo não irá mascarar que o trabalho de Toninho é ruim. Mantê-lo por causa da vaga será um erro. E mandá-lo embora depois da classificação, mesmo sendo coerente com uma avaliação global, deixará a certeza de que a diretoria tricolor não jogou tão limpo como deveria com o técnico.

O esforço da atual direção paranista para reerguer o clube é notável e merece aplausos. Mas ao menos no trato com seus treinadores, ela não difere muito dos cartolas que enfiaram o clube no buraco.

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Alex Brasil não irá acumular os cargos de diretor de operações da Atletas Brasileiros e a gerência de futebol do Paraná quando a S/A entrar em funcionamento. Escolherá uma delas, não sabe ainda qual. Sua atuação, hoje, é muito mais dando sugestões e diretrizes que a S/A deverá levar em conta quando começar a atuar na bolsa. Se realmente cumprir esse roteiro, Brasil estará fazendo o certo. O Paraná não pode mais admitir dirigentes exercendo funções claramente conflitantes no seu futebol.

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