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Não faço a menor ideia. Na verdade, imagino que nada. Duvido que a diretoria de um clube, ali pelo início de dezembro, se junte para escrever uma carta ao Papai Noel para fazer um balanço do ano que se foi e pedir graças para o ano que está vindo. Mas, como a imaginação é livre e o tempo durante o recesso de fim de ano é grande, resolvi brincar um pouco com os pedidos natalinos e o Wikileaks, a grande onda do último inverno no Hemisfério Norte.

O texto que segue abaixo, portanto, não é inédito. Foi postado em 27 de dezembro, na versão indie do Bola no Corpo. Me deparei com ele ontem, a partir de um aviso de comentário (ne verdade era spam) lá no blog. Li o texto, gostei e resolvi republicar aqui na versão mainstream do Bola no Corpo. Uma boa chance de ver se os “pedidos” natalinos foram aceitos.

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Exclusivo: WikiLeaks revela cartas do Trio de Ferro para o Papai Noel


Em um grande esforço de reportagem e mais uma prova de sua credibilidade, o Bola no Corpo traz, com exclusividade, as cartas de Coritiba, Atlético e Paraná para o Papai Noel. O material foi interceptado pelo site WikiLeaks em meio a mensagens trocadas entre o governo dos Estados Unidos e sua embaixada na Lapônia. As cartas foram enviadas na barriga de um corvina de 5 quilos que o responsável pelo blog pescou no Rio Paranapanema, há poucas horas. Confiram este material inédito e bombástico.

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Querido Papai Noel,

Sei que havia dito que nunca mais voltaria a escrever para o senhor. Não que me faltasse razão para isso. A sua resposta à minha última cartinha foi muito malcriada. Eu nem pedi muita coisa. Só o título do Carnaval, do Paranaense, da Copa do Brasil, ficar entre os quatro do Brasileiro e ganhar todos os Atletibas. O senhor só me entregou o Carnaval. E os Atletiibas. E ainda assim alguns deles empatados! O pior de tudo foi mandar aquela gangue invadir minha casa bem no dia em que estávamos montando a árvore. Isso não se faz.

Mas, enfim, já passou um ano, muita coisa mudou e eu resolvi lhe dar (digo, me dar) essa nova chance. Estudei direitinho este ano, apesar das dificuldades. Comecei estudando longe de casa, tive que pegar uma condução para assistir às aulas de um semestre inteiro. Por pouco não tive que ir de barco. Aprendi com a reprovação do ano passado. Fiz boas amizades, estudei com afinco e passei por média no supletivo. Fizemos uma baita festa para comemorar.

Então, já que me comportei bem, queria fazer alguns pedidos para o ano que vem. Nem ia falar muito de Copa de Brasil, mas depois que vi a chave, acho que não custa o senhor me dar uma forcinha nela, né? Até dispenso o Paranaense! Um bom papel no Brasileiro também é legal. Se o senhor me prometer que me dá todos os Atletibas, nem me importo em só continuar na Primeira Divisão. Mas uma Libertadores não faz mal a ninguém, né?

Ah, sim, ia quase me esquecendo. Vi que o senhor distribuiu um monte de título de presente para uns times aí. Teve gente que ganhou seis uma vez só. Nem peço tanto. Mas só não esquece do Torneio do Povo e do Febrafu. Suei muito para ganhar os dois. Que tal um carimbinho de campeão brasileiro, hein?

É isso, Papai Noel. A árvore já está montada, as meias cinzas estão penduradas em cima da lareira, é só despejar os presentes. Agora, se o senhor não quiser me dar nada, não tem problema. Nunca gostei da cor da sua roupa mesmo.

Abraço,

Coritiba

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Querido Papai Noel,

Fico até sem jeito de te escrever este ano. O Natal do ano passado foi especial. Como se já não bastasse eu lá perto da data do meu aniversário ter tomado o presente que um certo coirmão dava como sendo dele, ainda vi a casa cair lá em cima no fim do ano hashuashuashuashua Foi tanta alegria que eu até fiquei sem jeito de ganhar o Paranaense de novo em 2010.

Bem, o ano foi ok. Sabe como é, já me acostumei a esse esquema de estudar pouco no primeiro semestre e recuperar as notas no segundo. Nos primeiros anos foi pauleira, teve um que eu tive certeza que ia reprovar. Só passei na prova final. Que sufoco. Mas depois peguei a manha. No aperto, é só fechar o olho e mandar o chute que a resposta certa cai na minha cabeça. A coisa deu tão certo que quase consegui uma bolsa para aquele intercâmbio maneiro que tem aqui pela América do Sul.

E é sobre isso que eu queria falar, Papai Noel. Depois que a gente se acostuma, nem se incomoda mais de roer osso. Mas quando sente o gostinho do filé mignon… Rapaz, não quer saber de mais nada. Então, se o senhor puder, eu queria uma bolsa pra esse intercâmbio. Pelos meus cálculos, nem preciso estudar muito mais. Eu entro com o mesmo empenho desse ano e o senhor me ajude a acertar uns três chutes a mais. Tenho certeza de que vai dar certo.

Em último caso, se o senhor sabe quem reprovar de novo, já vai garantir um belo sorriso neste rosto rubro-negro. E por falar em rubro e negro, que tal trocar essa faixinha branca do gorro por uma preta enfeitada com umas caveiras? Vai fazer sucesso. Ah, e não esquece de chicotear bastante os bambis.

Abraço,

Atlético

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Querido Papai Noel,

Desculpe-me por escrever neste verso de saco de pão. É que as coisas foram muito difíceis aqui na vila neste ano. Sofremos muito sem dinheiro e várias vezes o meu pai teve de rebolar para escapar dos cobradores. Mas ele é um homem muito honrado e pode ter certeza de que vai pagar todas as dívidas.

Para mim as coisas também foram tumultuadas. Mais uma vez a minha turma mudou várias vezes. Quando eu piscava o olho, o colega do lado já tinha ido embora e estava outro ali. Só não reprovei porque tive dois ótimos professores, que quase me fizeram conseguir sair do supletivo. Pelo menos neste ano não precisei me preocupar com a possibilidade de ir parar no mobral como em outras ocasiões.

Para o ano que vem, queria pedir primeiro que eu consiga ir com os mesmos colegas do começo ao fim do ano. O senhor não tem ideia de como essas mudanças atrapalham no meu aprendizado. Também queria muito que a gente ganhasse na loteria. Só aí meu pai conseguiria colocar as contas em dia e a gente poderia voltar a andar de carro importado e viajar por todo o País como quando eu era criança. América do Sul eu dispenso. Já basta aquele nosso tour por Chile, Venezuela e Bolívia. Só vimos gente pobre, lugares feios e voltamos quebrados.

Ah, Papai Noel, gosto muito da sua roupa. Para ela ficar perfeita, que tal fazer metade dela em azul? É uma cor muito bonita e representa uma parte da minha família. Tem muito parente meu que se recusa a acreditar no senhor porque a roupa é vermelha. Espero que não seja por isso que meus pedidos só costumem ser atendidos pela metade.

Abraço,

Paraná

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