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Os clubes precisam faturar com bilheteria sem matar a renovação do público na arquibancada
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Coluna publicada na Esportiva impressa dessa sexta-feira

Henry Milléo/ Gazeta do Povo
O Atletiba foi o único jogo do ano em que o Coritiba teve um público pagante (20.757) compatível com seu quadro associativo adimplente (em torno de 24 mil).

O assunto foi levantado durante a semana, em uma coluna do site Coxanautas, mas diz respeito a todos os clubes: a relação entre preço de ingresso, planos de sócios, arquibancadas vazias e renovação da torcida.

Os bilhetes avulsos estão mais caros para estimular a associação mensal. Como a adesão não ainda é suficiente para lotar o estádio sempre, nota-se vazios constantes nas arquibancadas, parcialmente ocupadas invariavelmente pelos mesmos torcedores. No Couto Pereira, por exemplo, o preço de 95 reais por um tíquete é proibitivo para quem vai ao estádio esporadicamente — e é um sócio em potencial.

As razões para o encarecimento do preço dos ingressos são conhecidas. Primeiro o Atlético e depois o Coritiba adotaram a medida para tornar mais atraente o pagamento mensal. Também há uma higienização velada das arquibancadas, para deixá-la acessível a “consumidores”. No Coxa, não custa lembrar, a medida foi tomada na esteira no rebaixamento de 2009, em um jogo com ingresso a R$ 5.
E o futebol de uma maneira geral ficou muito caro. Ter uma receita fixa maior virou questão de sobrevivência. Recentemente, o Coritiba comemorou rasgadamente o fato de arrecadar mais com sócios do que com direitos de transmissão. Realmente uma vitória. Ou melhor, duas. O clube fica um pouco menos dependente da TV e reduz o impacto dos resultados e do preso das competições sobre a receita de bilheteria.

No Estadual, a média de público do Coritiba é de 10.280 torcedores. O quadro associativo tem 24 mil adimplentes. Ou seja, são quase 14 mil coxas que pagam, mas não vão ao estádio. Realidade que deve se repetir no Atlético pós-reforma da Arena. E que o Paraná corre atrás para se enquadrar.
Se os problemas imediatos são resolvidos — ou atenuados –, a preocupação deve ser a médio e longo prazo. Ter sempre os mesmos torcedores no estádio restringe o público consumidor do clube. Dificultar com preços avulsos elevados a experiência esporádica no estádio — de quem pode ser instigado a virar sócio exatamente por ver o time ao vivo — prejudica a renovação da torcida.

Aquele que é induzido a acompanhar o futebol muito mais do sofá do que da arquibancada, invariavelmente acabará torcendo pelo time que está mais na tevê e que está ganhando mais. Esse, hoje, não é o Coritiba, não é o Atlético, não é o Paraná. É o Corinthians. O que põe os clubes diante de um dilema: atrair novos torcedores sem implodir o plano de sócios.

O próprio Coritiba tem algumas iniciativas interessantes, como desconto para o sócio levar um amigo não sócio ao jogo e gratuidade ao menores de 6 anos, idade crucial para escolher o time de coração. Boas ideias, mas insuficientes. Permitir associações com a primeira mensalidade gratuita durante o Estadual, por exemplo, traria o não sócio ao estádio sem um impacto imediato no bolso. Divulgar as possibilidades de ir ao jogo esporadicamente sem pagar muito — ou de graça — com a mesma intensidade que se cobra a adesão mensal é outra estratégia que alia as duas necessidades.

O que os clubes não podem é olhar a associação como único caminho para ter torcida no estádio. Trazer gente nova para a arquibancada — e, principalmente, formar bons times — é fundamental para garantir a sobrevivência dos clubes no futebol atual.

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