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O projeto inicial do Pinheirão, elaborado por Lolô Cornelsen nos anos 60.

Não passa dois dias sem que surja alguma novidade sobre o Pinheirão. A notícia da vez é a do rompimento entre Hélio Cury e o suposto investidor que compraria o terreno da Federação e ergueria ali um estádio novo, provavelmente para o Coritiba.

Sem entrar no julgamento de certo ou errado, a mudança de postura de Hélio Cury é compreensível. O leilão que estava marcado para o dia 20 deste mês punha a Federação contra a parede. Era precisa engatar uma negociação logo, sob o risco de ser obrigado a abrir mão do terreno por uma quantia bem menor que a desejada. E o comprador, sabendo disso, usava este trunfo do outro lado do balcão para conseguir um negócio melhor. Uma situação normal a qualquer negociação.

Agora, com o valor mínimo da dívida com o INSS pago e o restante refinanciado, Hélio Cury volta a ter autonomia. O tempo deixa de ser um inimigo, passa a ser um aliado. A Federação ganha fôlego para avaliar propostas, escolher uma condição melhor de venda do terreno. O leque se abre, mas não muito.

A exigência de ser feita ali uma praça elimina uma série de possíveis interessados. Se for construir o estádio, precisa de um clube que jogue ali. O Coritiba, pelo interesse demonstrado e pela capacidade de manter uma boa média de público, é a opção mais lógica. O Paraná seria uma segunda via, embora não demonstre interesse e historicamente sua média de público seja menor.

Outro opção é fazer um ginásio de esportes, hipótese já levantada em outras ocasiões e que poderia até pegar bem diante das pretensões políticas de Hélio Cury, provável candidato a vereador no ano que vem com apoio maciço da Suburbana. E como o presidente da FPF tem um bom trânsito na política, não dá para descartar uma manobra que altere a lei e derrube a obrigatoriedade de fazer ali uma praça de esportes. Embora, neste caso, não se possa ignorar que o preço político pode ser alto demais para algum político, a menos de um ano da eleição municipal, arcar.

São todas hipóteses, leituras de uma situação que parecia perto do fim muito mais por falta de opção, mas que voltou a ficar totalmente em aberto. Aliás, tratando-se de Pinheirão, sempre é bom desconfiar de soluções rápidas e fáceis.

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Nessa negociação do Pinheirão temos a Federação, o Coritiba, a OAS, a prefeitura e um personagem oculto, o investidor. Impressionante como no futebol sempre aparece a figura do investidor. Parece cena de filme noir: todas as partes em volta da mesa, em uma discussão acalorada e insolúvel. Quando alguém já está prestes a sacar um revolver, surge na penumbra uma figura esguia, da qual se vê apenas a silhueta, o terno bem cortado e a mão que ordena de forma leve e decidida a um subalterno que deposite sobre a mesa uma maleta recheada de dinheiro. Todos se calam, maravilhados com o brilho das verdinhas que solucionam todos os problemas, e nem percebem o investidor desaparecer na penumbra.

Ouvimos falar de investidor quando o assunto é estádio para Copa do Mundo ou quando o assunto é contratações. Quando o investidor existe, rapidamente seu nome aparece e as coisas se acomodam. Quando demora, o nome fica muito tempo em sigilo, é quase certeza que a história murcha em poucas semanas.

Sei que muita gente vai falar que é prática do mercado, que é estratégia, que se aparecer vai atiçar a concorrência, que zzzzzzzzzzz… Ops, o post ainda não acabou. Enfim, ouvi essa conversa milhões de vezes. Mas me dou o direito, como jornalista e cidadão livre, de só acreditar na existência de um investidor a partir do momento em que eu souber o nome dele, puder visitar seu site, vasculhar o histórico de negociações, ver em que área atua, onde acertou, onde fez burrada, se é idôneo, se tem pacto com o capeta etc.

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E o Coritiba nessa história? O Coritiba está na dele e faz muito bem. É claro que o clube quer um estádio novo, o próprio Vilson Ribeiro de Andrade já disse que, para ele, quem não tiver um estádio capaz de gerar receita vai ficar para trás. Mas o clube não está em condições de fazer loucuras por ele. A possibilidade de receber um estádio novo, sem abrir os cofres, em troca da área do Couto Pereira e ainda ficando com algum imóvel no Alto da Glória existe? Ótimo, trabalha essa hipótese. Não existe? Segue jogando no Couto, com um ajuste aqui e outro ali, até ter condição de adquirir uma casa nova.

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