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Quando a volta de Ricardinho ao Paraná Clube começou a ser cogitada, as hipóteses eram ele jogar ou atuar como gerente de futebol. Em campo, mesmo com 35 anos e propenso a lesões, Ricardinho sobraria, seria a reserva técnica que o Tricolor não tem desde a saída de Giuliano para o Internacional. Como gerente de futebol, compensaria a total inexperiência no cargo com seus contatos. Mas Ricardinho está voltando como técnico, o que levanta uma série de dúvidas e cria um problema em potencial para a diretoria administrar.

As dúvidas são quanto à capacidade de Ricardinho dar certo neste momento como técnico de futebol. E isso não tem nada a ver com o conhecimento que ele tem do futebol ou do vestiário. Ricardinho foi (estranho usar os verbos no passado para se referir a ele em campo) um grande jogador, muito mais inteligente que a maioria, com uma leitura ótima de jogo. Sempre foi muito próximo dos treinadores (até demais, segundo seus críticos), o que certamente vez com que ele aprendesse muitas coisas. O cara trabalhou com Parreira, Luxemburgo, Felipão, Joel Santana, Lopes, entre outros.

Tem todos os pré-requisitos para ser um grande treinador. O que não significa necessariamente que ele vá ser no futuro. Nem que ele vá ser um grande treinador agora, que está conversando. Ricardinho passa de um dos líderes do elenco àquela pessoa que tem que liderar esse elenco, mantê-lo voltado para o mesmo objetivo e saber administrar as muitas vaidades e picuinhas que rolam dentro de um vestiário. Ele está preparado para isso?

A primeira situação que Ricardinho precisará mediar (a crise em potencial à qual me referi) é a situação de Ageu. Ex-jogador e formado no clube, Ageu vem há algum tempo trabalhando como auxiliar e, quando necessário, técnico-tampão. É, aliás, o que ele vem fazendo neste momento. Será necessário jogo de cintura para convencer Ageu de que a melhor opção para técnico era Ricardinho, que até ontem era jogador profissional, do que ele, que tem alguns anos de comissão técnica e algumas partidas no currículo. A forma como Ricardinho lidar com essa questão será um bom indicativo do que ele poderá fazer como técnico.

Fora isso, se tem um lado bom de um clube estar em crise é que ele está mais receptivo a inovações. Ricardinho é, sem dúvida, uma inovação e tanto, que já conta com o apoio da torcida (enquanto escrevo, pulam na janelinha do TweetDeck manifestações de paranistas festejando a volta do ídolo). Vai começar do zero um trabalho com um elenco que, hoje, se resume a meia dúzia de profissionais e muitos garotos da base. Tem a seu favor a inteligência demonstrada como jogador e a paixão declarada pelo Paraná. O tempo – e, principalmente, as condições de trabalho que a diretoria oferecer a ele – dirão se isso basta para tirar o clube do buraco. Não há dúvida de que como marketing e para a autoestima tricolor a contratação de Ricardinho é ótima, mas só valerá a pena se o resultado em campo for bom.

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