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Tudo por dinheiro
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Coluna publicada na Esportiva impressa desta terça-feira

Antonio More/ Gazeta do Povo
Mário Celso Petraglia dá entrevista a veículo oficial do Atlético, no Ecoestádio Janguito Malucelli.

Qualquer avaliação das recentes restrições impostas pelo Atlético ao trabalho da imprensa deve passar por um dos acordos mais festejados pelo clube nos últimos tempos. O contrato firmado com a AEG inclui entre os produtos referentes ao Furacão que a empresa norte-americana tem direito de comercializar “a venda de estoque de mídia controlado pelo Cliente (incluindo, mas não limitado a, vendas ao Site, WB TV, WEB e Rádio WEB e Rádio Tradicional)”.

Os conteúdos de mídia do clube tornam-se mais vendáveis à medida que atingem um público maior. Há dois caminhos para atingir esta audiência: 1) Fazer um trabalho de excelência, que se sobreponha a qualquer outro conteúdo disponível no mercado; 2) Impor restrições à concorrência. O Atlético optou pelo segundo caminho, mais curto e traumático.

Criou-se uma situação em que toda e qualquer declaração tem, necessariamente, o carimbo da comunicação oficial do clube. Daqui a pouco o clube vai ao mercado dizer que o site é usado como fonte pelos veículos de comunicação. O que é óbvio, considerando que trata-se da única fonte.

Alguns pontos, porém, não fecham. O primeiro é o clube se colocar como concorrente de veículos de comunicação. Foge da razão de existência de um time de futebol e, com elevadas doses de esquizofrenia, vai contra tudo o que é feito no mundo da bola. Manchester United e Barcelona, por exemplo, têm departamentos de comunicação enormes e conteúdos que dão lucro às equipes, mas não se colocam como concorrentes de jornais, sites, tevês e rádios.

O segundo é que um veículo oficial — seja de qual clube for — nunca vai buscar todas as respostas que o torcedor deseja. No domingo, Héracles novamente foi mal diante da torcida, ele claramente sente a pressão da galera; Harrison teve outro jogo em que começou muito bem e foi se escondendo com o passar do tempo; Arthur Bernardes teve a dificuldade da maioria dos técnicos acadêmicos, de demorar a reagir às mudanças do jogo. Os veículos oficiais não colocarão ninguém em saia-justa para buscar essas respostas. E estou só me atendo a exemplos da partida com o Rio Branco.

O Atlético, claro, dificilmente se importará com estes poréns. O interesse é se relacionar somente com os veículos capazes de se tornar “parceiro comercial”. O clube já fez chegar a quem é de direito que na Copa do Brasil, as emissoras que transmitirão o torneio — Globo, Band, ESPN, Sportv e Fox Sports — terão acesso aos jogadores antes, depois e no intervalo das partidas. O mesmo valerá para o Brasileirão e, se for o caso, a Sul-Americana. Os demais que busquem o site oficial.

É uma relação similar à estabelecida com o torcedor. É bem-vindo apenas aquele que se associa. O que tem apenas amor e frequência eventual no estádio a dar é rejeitado. Pouco importa se na hora de negociar um patrocínio, dizer que 400 mil curitibanos torcem para o Atlético ajuda a obter um contrato melhor. Pouco importa se a imprensa que não paga para cobrir o clube também entra na conta da exposição do clube — e de seus parceiros — na mídia.

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