União na adversidade é o início, não o fim

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A união na adversidade é capaz de fazer milagres. As coisas estão erradas, alguém junta um grupo em torno de si, solta algumas palavras de ordem, um inimigo comum é escolhido (quase sempre a imprensa) e as coisas melhoram como em um passe de mágica. No futebol isso acontece a toda hora, cada vez com um nome: “grupo fechado”, “família” e, nos últimos tempos, “time de guerreiros”.

Foi esse o espírito que guiou o Paraná na vitória sobre o Boa, hoje, na Vila Capanema. O tom foi dado em uma reunião antes do jogo, somente entre atletas e comissão técnica. Eu não estive lá, vocês também não, mas duvido que tenha fugido do roteiro descrito no primeiro parágrafo. As declarações pós-jogo só confirmam essa tese nada revolucionária.

“O grupo de atletas fez pedido para que eu continuasse. Dependendo do que falassem, eu poderia sair. A diretoria não ficou sabendo disso. Que seja eterno enquanto dure”
Roberto Fonseca

“Por mais uma improvisação do Roberto Fonseca, que colocou um ‘ponta direita’, fizemos o gol”
Roberto Fonseca

“Em outros lugares colocam um volante de atacante, um lateral como ponta, mas aqui no Paraná as coisas são mais complicadas”
Roberto Fonseca

“Mostramos que, acima de tudo, nosso plantel é determinado e unido. Vínhamos de uma sequência de maus resultados, mas em casa nosso torcedor apoiou e chegamos à vitória”
Lima

O discurso é bonito, joga pra torcida e vem respaldado por um bom resultado. Sempre funciona a curto prazo, mas não dá para achar que vai subir só com discurso afinado, inimigo comum e garra. Precisa jogar bola. Mas é indiscutível que fica mais fácil se preocupar em jogar a partir do momento que o time volta a vencer.

Do jogo em si, o Paraná teve um pênalti inexistente a seu favor, outro que existiu não marcado e o Boa teve um gol mal anulado. O que significa que a arbitragem de João Bosco Sátiro da Nóbrega foi uma piada tão sem graça como esse trocadilho.