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Candidatura de Lula transformaria o Brasil em um inferno
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Quem odeia Lula tem um grande medo: que ele volte em 2018. Quem defende o PT deveria ter um grande medo: que Lula volte em 2018. Aliás, os petistas não deveriam sequer pensar em lançar Lula para o cargo – por mais de um motivo.

Nesta terça, Marcelo Odebrecht falou (pelo que se sabe via vazamentos) aquilo que faltava para complicar de vez a situação de Lula. Agora a denúncia é de que o ex-presidente pegou pessoalmente dinheiro ilícito. E não foi pouca coisa: seriam R$ 13 milhões.

É claro que é preciso provar isso. Mas vamos aos fatos: a denúncia existe, vazou e correu mundo. Se sem isso já havia centenas de milhares de pessoas inflando bonequinhos de Lula vestido de presidiário para sair às ruas, imagine agora.

Lula nega. Negará. Talvez não haja provas. Talvez nem seja verdade. Mas o fato é que ele no momento é, para milhões de brasileiros, um novo símbolo de desvio de recursos. Merecida ou imerecidamente (vejamos o que Odebrecht tem para mostrar de factual), ele virou uma espécie de novo Maluf na vida nacional. Quem diria…

Os petistas confiam em Lula cegamente – cegueira que só encontra equivalente nos seus detratores, para quem ele é culpado de tudo, da inflação à tabela do Campeonato Brasileiro, da Lava Jato à briga do casal de namorados no reality show. E querem (os petistas) que de qualquer jeito seu herói volte ao poder.

A pergunta que se deve responder aqui é: por quê?

Desforra

Primeira resposta, e mais óbvia: os petistas acham que Lula é um grande gestor, alguém com visão para fazer os investimentos de que o país precisa. E desfilam uma série de números, programas e resultados para dizer que ele foi o maior, o melhor, “o cara”.

Mas há mais do que isso. O PT (e a esquerda em geral) quer vingança. Quer ir à forra e mostrar que apesar de tudo (no discurso do partido, apesar do “golpe”) a população está do lado do projeto de país de Lula. Quer mostrar que não importa o que façam, o PT vai voltar, porque é isso que os eleitores querem.

O discurso do petismo sempre foi um pouco esse: a elite quer uma coisa, o povo quer outra. A elite e tem o Congresso e o Judiciário, mas o povo tem voto. E Lula dependeria apenas do povo para voltar ao poder.

A confiança no cacife eleitoral de Lula não é à toa. Ele vive aparecendo em primeiro lugar nas pesquisas, mesmo depois de mensalão, petrolão e todo o resto. No mínimo, deve começar a corrida com um quarto dos votos. Certamente (ou quase) iria para o segundo turno. E não é fácil ganhar dele.

Novo cenário

Mas o Lula de 2018 não é o Lula de 2002. Além das denúncias, ele é agora um septuagenário, viúvo, provavelmente cansado de tudo o que viveu nos últimos anos. E o cenário também é completamente diferente.

A economia é completamente diferente da época de seu antecessor direto. FHC, digam o que disserem, tinha deixado alguns números bem positivos para Lula. Mas tinha patinado na área social, o que deixava margem para avanços. E o cenário internacional era positivo.

Agora, o país enfrenta uma crise, tem inflação, a economia não sai do buraco, os números da previdência só pioram. E dificilmente o governo conseguiria aumentar investimentos na área social – ou seja, dificilmente Lula teria o mesmo desempenho de 2002 porque hoje não vivemos no Brasil de 2002.

O Congresso seria outro problema. Ok: assim como o jornal que mudava de opinião à medida que Napoleão voltava à França (chamando-o de demônio no começo e de salvador quando chegou à beira de Paris), os deputados certamente estenderiam tapete vermelho para Lula. Mas depois de terem puxado o tapete debaixo dos pés de Dilma, como seria a relação?

Governo de crise

Na eleição de 2014, um articulista político disse que caso Dilma ganhasse estaria instalado um governo de crise. Petistas rosnaram. Era apenas a mídia golpista tentando detonar com a candidatura petista. Mas a previsão foi a mais acertada possível.

Com menos de dois meses de mandato, Dilma enfrentava passeatas gigantes. Não chegou a governar de fato por um só dia desde que começou o embrulho com Eduardo Cunha. E caiu depois de um ano e meio – um ano depois de dizer que terminar o mandato seria “moleza”.

Lula não é Dilma, articula melhor e é mais safo. Mas não há dúvida de que, se fosse eleito, seu governo seria um inferno. Nas ruas. No Congresso. Nas redes sociais. O país se dividiria como nunca. Imagine na eleição. E pior: imagine depois…

E se Lula cai?

Renovação

O grande problema do PT é não ter criado nenhum candidato viável desde Lula. Alguém com votos e que não tenha sido preso, por exemplo. E não vai ser agora que isso vai acontecer.

Mesmo assim, qualquer outro nome – um vereador do interior capixaba – seria melhor do que o de Lula para o partido, imaginando que o comissariado não queira ficar preso às memórias do tempo em que sucedeu Fernando Henrique.

Lula é um tiro no pé para o PT. Deixou de ser ativo e virou passivo. Falta o pessoal se tocar.

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