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A política pouco democrática de Curitiba
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O período de convenções partidárias em Curitiba mostrou mais uma vez como um elemento da democracia brasileira é falho: dentro dos partidos, a democracia simplesmente desaparece. O que há é um grupo de caciques que faz acordos entre si, independente do que haja no mundo lá fora.

Nas convenções de Curitiba, por exemplo, não se ouviu falar de um único partido que tenha feito prévias nas regionais para decidir quem poderia ser seu candidato. Em nenhuma legenda, o processo chegou à convenção com duas ou mais possibilidade de nomes para que os membros do partido votassem.

Em todas elas, o partido chegou já com o candidato definido. Ou, quando não haveria candidatura própria, já com o pacote de alianças pronto. Aos convencionais, bastava ir ao local e assinar uma folhinha marcando o comparecimento. Os discursos não eram para convencer ninguém: apenas para dar a vitória a quem não tinha tido de passar por qualquer disputa.

Em alguns casos, o partido chegou indeciso à convenção. Mas nem nesse caso os delegados foram chamados a dar qualquer palpite. No PSDB, por exemplo, havia uma indefinição: os caciques já tinham determinado que o partido não teria candidato próprio, e restava apenas decidir entre apoiar Greca e Fruet. Que tal uma votação? Nada, deixou-se para que a executiva (formada pelos caciques) decidisse qual caminho tomar.

No Solidariedade, coisa parecida. Francischini não decidiu a tempo da convenção se sai ou não candidato. Ao invés de perguntar ao partido na convenção, preferiu usar o encontro só para fechar a chapa de vereadores. A ata foi deixada em aberto para incluir a decisão (monocrática?) depois.

O espetáculo de autocracia é ainda mais decepcionante porque as convenções aqui ocorrem em meio ao processo de prévias americano. Lá, Trump e Clinton podem ter vários outros problemas. Mas tiveram de convencer o partido de que eles eram os melhores nomes. E o partido decidiu por eles no voto.

Aqui, os partidos têm o monopólio de lançar candidaturas. E podem fazer o que quiser. A nós, resta comprar um dos pratos prontos que os caciques nos servem.

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