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Pode parecer tarde demais para arrependimento. Mas trata-se de algo importante. Quase 50 anos depois, O Globo admitiu em texto publicado neste fim de semana que errou ao apoiar o golpe de 64. O texto, que explica o ponto de vista do jornal da época, afirma que à luz da História vê-se que dar apoio aos militares que derrubaram João Goulart não foi a coisa certa a se fazer.

Não é pouca coisa um dos maiores e mais importantes jornais do país admitir um erro desse tamanho. Mais ainda porque continuam por aí as viúvas da ditadura, que se recusam a admitir que o golpe foi um golpe, que não admitem nem mesmo hoje que a democracia foi ferida e que continuam usando argumentos como o apoio popular para justificar o que aconteceu em 1964.

A admissão do erro, assim, é importante. Quanto mais ficar claro que não havia justificativa possível para derrubar um presidente eleito menor a chance de que isso venha a se repetir por aqui. É preciso que se deixe claro que a democracia é um valor a ser preservado em todos os momentos e que não há espaços para relativizações. Nem mesmo para relativizações históricas.

Claro que haverá quem fale em cinismo, ou que faça outras acusações. Mas fica a última frase do texto.

“À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”

Que seja.

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