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Os candidatos de Curitiba parecem mesmo afoitos por mostrar à classe média que vão atender a suas demandas atuais. Nesses primeiros tempos de campanha, não houve quem não falasse em bicicletas e bichinhos para mostrar que está antenado com os “movimentos sociais da classe média”.

Houve até quem lançasse um comitê só de cachorreiras – caso de Gustavo Fruet (PDT). Só para logo em seguida ouvir Ratinho Jr. (PSC) dizer que, espera aí!, ele também é fã de animais. As ONGs de animais, assim, mostraram seu poder.

As bicicletas, então, nem se fale. É um tal de candidato agora prometer ciclovia, ciclofaixa, paraciclo, e sabe-se lá mais o quê. No debate da Band, ninguém rompeu o acordo tácito: quanto mais promessas aos cicloativistas, melhor.

O curioso é que poucos anos atrás, antes de esses dois movimentos ficarem mais fortes, você não via ninguém da política falar nisso. Ou seja: os assuntos só entraram em pauta porque foram forçados por alguns ativistas. Mas, na melhor linha da demagogia clássica, os candidatos são cachorreiros e cicloativistas desde criancinha.

Isso mostra muitas coisas sobre a eleição curitibana. Primeiro, a falta de uma visão própria da cidade por parte dos candidatos. Eles prometem fazer aquilo que os grupos de pressão pedem, não o que eles pensam ser melhor. Se houvesse um movimento pela divulgação do acarajé na cidade, todos iriam aderir de bom espírito, jurando ser defensores do acarajé desde muito antes.

Segundo, isso revela uma dependência dos candidatos em relação à classe média alta. Não se vê por aí comitês montados para defender os carrinheiros, embora obviamente eles sejam mais importantes para a cidade do que, digamos, cachorros. (Afinal, se nos lembrarmos, o prefeito é escolhido para melhorar a vida de humanos, não de bichinhos…)

A classe média domina a cena. Deita e rola. Se pede, tem de ser atendida. Já as periferias recebem o candidato como visitante. Ouvem as promessas de sempre. Mas cadê de entrar como prioridade na pauta?

A continuar assim, a Avenida Batel será pavimentada mais três vezes no próximo mandato. Haverá ciclovias e hospitais pagos com impostos de humanos para atender animais. E o esgoto do Capão Raso continuará correndo direto para o rio.

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