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Recesso parlamentar vai até 31 de julho. Foto: Marcelo Elias/Arquivo/Gazeta do Povo.
Recesso parlamentar vai até 31 de julho. Foto: Marcelo Elias/Arquivo/Gazeta do Povo.| Foto:

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O trabalho da CPI do Transporte Coletivo na Câmara de Curitiba merece lá seus elogios. Os vereadores que fizeram parte da comissão conseguiram, bem ou mal, ouvir a maior parte das pessoas responsáveis pela licitação do sistema, reunir documentos e chegar a conclusões importantes. Não é pouco, especialmente se comparado com a tradicional irrelevância do Legislativo curitibano.

As conclusões apontadas pela CPI têm seu peso: o pedido de indiciamento de pessoas ligadas à licitação pode não dar em nada, mas é o que os vereadores podiam fazer dadas as conclusões a que chegaram. As medidas sugeridas para a prefeitura não são indevidas, embora pouco tenham a ver com o trabalho de investigação a que a Câmara devia se restringir. As opções pelo cartão pré-pago e a mudança da bilhetagem eletrônica são essenciais. O pagamento da Urbs fora do cálculo da tarifa também faz bastante sentido.

No entanto, não há como evitar um travo amargo no final da CPI. A licitação do sistema de ônibus foi feita em 2010. A pergunta óbvia (e necessária para entender como funciona a Câmara) é: por que tudo isso só foi analisado agora. A resposta otimista diria que vereadores novos entraram e mudaram o perfil da Casa. Parece ledo engano. Os mesmos vereadores, tão empenhados em descobrir as falhas das gestões anteriores, são cordeirinhos fiéis ao novo prefeito.

Dos 38 vereadores, 36 são de situação, pelo menos. Todos vão para onde o poder vai. Fariam o mesmo caso Luciano Ducci tivesse sido reeleito: a diferença é que nesse caso evitariam a CPI atual como se estivessem falando de um anátema. Perder a amizade com o patrão, digo, prefeito, é algo inadmissível para quem vive de favores do Executivo.

A Câmara só vai ter mudado de verdade quando as CPIs forem sobre a gestão atual. Para descobrir o que o poderoso da vez não quer que se descubra. Aí sim teremos divisão de poderes, equilíbrio entre um poder e outro. Por enquanto, o que continuamos vendo é um jogo de interesses que põe prefeito e vereadores do mesmo lado. O interesse da população só é contemplado se, por acaso, as pessoas que puderem ser afetadas pela investigação já estiverem fora do Palácio 29 de Março.

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