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Publicado hoje na Gazeta do Povo:

Ex-chefe da Casa Civil no governo Itamar Franco, Henrique Hargreaves (foto) se tornou uma exceção ao decidir deixar o cargo temporariamente quando se tornou alvo de denúncias públicas.

Citado como possível envolvido em um escândalo de desvio de verbas do governo federal, investigado pela CPI do Orçamento, Hargreaves preferiu deixar o cargo – segundo ele, para não prejudicar o presidente.

Depois de todas as investigações, nada foi concluído contra o ministro, que acabou retornando ao posto e ganhando elogios por ter se afastado durante o período de acusações.

De Brasília, onde hoje chefia o Escritório de Representação Política do governo de Minas Gerais, Hargreaves evitou falar sobre as denúncias contra o atual ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, mas contou sobre seu afastamento na época em que ocupava o cargo.

O senhor preferiu se afastar para não prejudicar o presidente?

Lógico, não podia. Apesar de que na época não houve nenhuma acusação sobre a Casa Civil. Mas mesmo assim eu achei por bem me afastar. O que aconteceu foi que, na CPI do Orçamento [que apurou um esquema para desvio de verbas da União], disseram que, como funcionário da Câmara, eu devia saber que existia [o desvio], mesmo eu dizendo que não participava. Sendo assim, eu achei melhor sair.

Foi uma decisão difícil na época?

No meu caso, eu me aposentei do Senado e abri meus sigilos todos. Eu não podia deixar que isso prejudicasse o presidente. Na verdade, queriam atingir era ele.

Como isso poderia prejudicar o presidente?

A Casa Civil faz toda a coordenação do governo. Na minha época, o perfil do cargo era diferente. Hoje tem secretarias cuidando de relações políticas. No meu tempo, a Casa Civil englobava a coordenação política e administrativa do governo.

O senhor acompanhou as denúncias sobre o ministro Antonio Palocci?

Prefiro não opinar, até porque não conheço todos os fatos. E é uma questão muito pessoal.

Em 1994, após a eleição, o senhor deu conselhos para o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso sobre como deveria ser o perfil do chefe da Casa Civil. Quais foram seus palpites?

Conversando comigo na época ele me pediu uma opinião pessoal sobre isso. Eu disse que tinha que ser uma pessoa muito próxima ao presidente, sem filiação partidária, sem projeto político e conhecedor da administração.

Por que é importante não ter projeto político?

Você tendo um projeto político, sempre acaba sendo sombra de alguém. E tendo filiação partidária fica complicado fazer coordenação política, porque os membros de outros partidos sempre vão achar que você está tendo atuação partidária.

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