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Coronel defende manutenção da PM, mas não rebate argumentos
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PM violenta

O coronel Elizeo Ferraz Furquim assina nesta terça-feira um artigo na Gazeta do Povo contestando os críticos da Polícia Militar. Em parte, está nos eu dever, já que é representante de uma associação de policiais militares. Foi eleito para isso. No texto, o coronel rebate algumas das propostas que vêm sendo feitas para melhorar a segurança e que envolvem a PM. Uma delas, claro, a desmilitarização da polícia.

Furquim afirma que a ideia de desmilitarização parte de premissas erradas. Uma delas seria o fato de a origem da PM estar na ditadura militar. Outra, uma “tradução errada” de texto da ONU e que teria levado à falsa recomendação de extinção das polícias militares. Por fim, argumenta que 44 mil pessoas ficariam desempregadas e que não adianta os governos prometerem reduzir ou eliminar esse problema, pois “governos não são confiáveis”.

Os argumentos do coronel, porém, pouco têm a ver com o centro da discussão. O que defendem aqueles que pedem a desmilitarização da polícia é, em linhas gerais, o seguinte: a PM surgiu na ditadura militar, com a ideia de combater inimigos da sociedade, como se faz em uma guerra; a própria palavra “militar” vem da ideia de que se trata de combater inimigos, como se faz com invasores de um território nacional; o treinamento da PM e sua hierarquia incentivam e premiam a violência; e o resultado é uma polícia que enxerga os cidadãos como possíveis alvos de truculência, em nome da defesa do país.

A polícia não deveria tratar os cidadãos como inimigos. Caso tenham cometido crimes, devem ser presos em flagrante ou processados em liberdade. Criou-se, porém, uma polícia que atira mesmo quando não há risco de vida para ninguém, que mata antes de perguntar, que prefere assassinar a prender. Esses são os argumentos que o coronel não responde.

Se para evitar esses problemas a desmilitarização ajudar, é preciso discuti-la. Mesmo o fato da origem na ditadura não seria tão importante. É preciso enfrentar os problemas. E ninguém quer, claro, que os atuais policiais fiquem sem empregos. A transição poderia ser gradual. Os PMs poderiam ser aproveitados em diversas funções. E o fato de os “governos não serem confiáveis” só reflete o sentimento da população sobre a PM: assim como o coronel não confia nas autoridades, a população treme de medo ao ver uma viatura da PM chegar. É esse clima de desconfiança que é preciso combater.

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