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Crise não é só de Lula, é da política. E abre espaço para extremismos
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Quem não gosta de Lula está se refestelando nesta sexta-feira: é o dia de ver o inimigo que passou oito anos no poder indo em queda livre rumo ao sistema prisional. Para a oposição parlamentar que pretende suceder ao PT em 2018, talvez a comemoração tenha de descer meio tom, pelo menos.

O PSDB, muito especialmente, precisa botar as barbas de molho. A coluna de Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, já apontou isso, revelando que os tucanos tentam agora desacreditar depoimentos claramente desfavoráveis a Lula – mas que mais à frente podem se virar contra os tucanos.

Exemplo mais acabado disso é a delação de Delcídio Amaral. Petista atualmente, Delcídio aparentemente falou sobre Lula à polícia, em troca de vantagens em seu processo. Mas Delcídio já foi do PSDB. E foi para a Petrobras pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso. Seria preciso ser muito ingênuo para achar que, naquela época, tudo transcorria sem qualquer dos fatos hoje apurados pela PF.

No que já vazou da delação de Delcídio, sobrou também para parlamentares de vários partidos, como Fernando Francischini, do Solidariedade. E pode vir muito mais quando o acordo for homologado. O PSDB, o DEM, o PPS podiam gostar da história enquanto viam seus inimigos ruírem. A situação saiu do controle e pode não ficar restrita a petistas e aliados.

O professor Renato Perissinoto, da UFPR, deu entrevista ao  blog afirmando ter convicção de que a atuação de Sergio Moro e dos procuradores logo chegará a outros partidos.

Mas, mais do que isso, para a população em geral é muito possível que a atuação da PF no momento seja vista como um fato desabonador para os políticos em geral. Para a classe política, e não para Lula ou Dilma. Há sempre aquela versão difundida de que “político é tudo igual”. Não seria de se duvidar que qualquer político de um espectro “tradicional” (vindo de partido grande, ligado à defesa do Estado de Direito, com tendência à social-democracia ou ao liberalismo) seja visto como mais do mesmo.

Nesse sentido, como disse o filósofo Roberto Romano ao Uol, há sempre o risco, nesses momentos de crise institucional, de que figuras mais extremas, como Bolsonaro, ganhem terreno.

Na Itália, após a operação Mãos Limpas, quem acabou governando o país foi Silvio Berlusconi, uma espécie de Trump local, desconectado de qualquer elite partidária anteriormente constituída. Um aventureiro que gosatava de bunga-bunga e que também acabou tendo problemas com a Justiça.

O risco, aqui, também existe.

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