Deputado reclama de “condenação antecipada”. Em seu programa na tevê, isso acontece diariamente

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Gilberto Ribeiro, apresentador do Balanço Geral. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.

O deputado estadual Gilberto Ribeiro (PRB) subiu nesta terça à tribuna da Assembleia Legislativa para reclamar do mandado de busca e apreensão cumprido em seu gabinete. O Gaeco esteve lá, com mandado judicial, para apurar denúncia de que o deputado teria se apropriado de verbas do gabinete ilicitamente.

Segundo o deputado, “a investigação é necessária”. Mas o modo como tudo se passou, segundo ele, não deixa margem à defesa, já que ao ver na imprensa o que se passou a população já o condenará. “É uma condenação”, disse o deputado. Segundo ele, o fato até compromete sua condição de apresentador, pois liga a emissora em que trabalha a uma denúncia de corrupção. “Prefiro me afastar”, disse.

Curiosamente, entre a busca em seu gabinete e o discurso que Gilberto Ribeiro fez na tribuna, seu programa foi ao ar. Sem ele, que devia estar ocupado com os fatos do dia, mas apresentado por um substituto.

Entre outras coisas, o programa mostrou o caso de uma mulher que, cansada de apanhar do marido, atirou nele. O apresentador comentou que não entendia isso. O sujeito tinha ficha na polícia. “Se ela sabe disso, por que não vaza?”

Em outra história, contaram o caso de um criminoso que foi baleado e morreu a caminho do hospital. O apresentador, neste caso, disse que acha muito estranho que a polícia tente ocupar com um criminoso a vaga do hospital que deveria ser de um trabalhador. Disse que não podia incentivar a justiça com as próprias mãos. “Mas eu não tenho pena quando o sujeito se lasca”, disse, reclamando ainda das “comissões de direitos humanos”.

Nesses casos, aparentemente, o julgamento pode ser feito rapidamente, ao vivo, na tevê, sem qualquer problema. O Balanço Geral é muito pior do que aquilo que o Gaeco fez com o deputado. A operação do Gaeco foi apenas uma investigação. Condenação é o que esse tipo de “jornalismo” faz diariamente com quem vive e morre nas periferias.

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