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Aqui no Brasil estamos discutindo uma reforma eleitoral. E, do meu ponto de vista, o mais importante está ficando para trás.

E o mais importante é: nossa eleição é confiável? Porque de nada adianta termos todas as outras regras e corrermos riscos sobre a seriedade dos resultados que saem das urnas.

Não sou nenhum paranoico que acredita em teorias da conspiração. Mas com esses grandes temas, me parece que sempre o mais correto é adotar a prevenção. Nesse caso, se prevenir significa ter um método confiável de recontar e conferir os votos em caso de dúvida.

A emissão de um voto impresso junto com o voto eletrônico é viável, simples e necessária. E no entanto, nossos congressistas se recusam a ver o óbvio.

No mês passado, houve um debate sobre o assunto no Senado. Segundo a Agência Senado, que publica notícias oficiais sobre a Casa, houve “divergência” entre os especialistas.

Mas não houve divergência alguma. O que aconteceu foi que o representante do TSE, que sempre foi contra a possibilidade de recontagem, sabe-se lá por que, disse que a contagem manual poderia originar fraudes…

Claro que os outros especialistas, os independentes, disseram o contrário. O representante da Unicamp lembrou o óbvio. A soma dos dois modelos ajuda que um elimine a possibilidade de fraude no outro.

“A impressão não cria novas modalidades de fraude e elimina esse tipo de fraude centralizada, por atacado, a mais perversa”, disse Jorge Stolfi, do Instituto de Computação da Unicamp.

Parece, no entanto, que os senadores preferiram confiar cegamente no TSE. E, na Comissão de Constituição e Justiça, derrubaram a obrigatoriedade do voto impresso, que havia sido aprovada na Câmara dos Deputados.

A chance que existe de o voto impresso ser obrigatório ainda está aí. Basta que o Senado ou a Câmara retomem a emenda e a aprovem. O que me incomoda, porém, além da falta de interesse dos parlamentares por uma eleição limpa (Eduardo Azeredo chegou a falar que a volta do voto impresso é um retrocesso…) é que os eleitores parecem não estar nem aí para o tema.

Eu, por mim, quero voto impresso ontem.

Uma curiosidade: nos Estados Unidos, bastou que a Diebold, fabricante das urnas norte-americanas, fosse vendida, para que o tema voltasse à baila.

O New York Times publica hoje um editorial defendendo a necessidade do voto impresso (além de discutir se a venda da empresa traz ainda mais problemas para o confuso e pouco confiável sistema eleitoral norte-americano).

“O governo federal e os estados também deveriam exigir que todas as máquinas de votação eletrônica produzam um registro em papel de todos os votos e prevejam uma contagem manual aleatória para garantir a confiabilidade dos resultados”, diz o jornal.

E aqui, não vamos também exigir a mesma confiabilidade.

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