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Eduardo Campos e o eterno pragmatismo dos nossos partidos
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Campos

A candidatura (possível) de Eduardo Campos para presidente da República veio mostrar mais uma vez a quantas anda a nossa divisão partidária. Nos últimos dias, temos visto uma enxurrada de notícias do mesmo gênero: o partido tal (ou grupo tal) se aproxima de Campos, ou se afasta dele; tal legenda pode ir de PSDB ou PSB; tal outra está entre Dilma e Campos.

Claro que isso tudo faz parte da democracia. Não é o caso de enxergarmos o fim do mundo a cada passo. Mas quando se tem uma chance dessa, uma mudança real no cenário, é possível identificar o que fica como “padrão” de comportamento. Ou seja; o que é que não muda mesmo quando supostamente algo está mudando.

Por exemplo: uma coisa que fica evidente é que a maior parte das legendas realmente anda à deriva por aí, sem proposta, projeto político ou linha ideológica. Há exceções, entre as quais as mais óbvias são justamente PT e PSDB, que não por acaso têm polarizados as eleições. Há partidos menores também que sabem o que querem, mas com pouca chance de conseguir algo, como o PSol, e pelo menos um de médio porte que parece ter convicção de certas ideias, o DEM.

De resto, tudo está em jogo. O PPS, por exemplo, nas últimas eleições, vinha sempre ao lado do PSDB. Tinha estado ao lado do PT anteriormente. Mas de dez anos para cá, digamos, era tucano desde criancinha. Bastou aparecer uma terceira via (se é que se pode chamar assim) para cogitar pular o muro. O PDT, que há muito é lulista, também pensa em passar agora para o lado de Campos. O que pretendem esses partidos?

É mais ou menos claro que, acima da ideia de como deve ser o governo eles têm em mente que eles devem ser do governo. Esse é o princípio fundamental da formulação de alianças, o da perspectiva de poder, muito mais do que o da tese a ser defendida. E, com Campos podendo ter um peso bom de votos, passível de ser negociado num segundo turno, todos querem fazer o seu doce. Poderão ser decisivos lá na frente. Então para que aceitar o convite de Aécio ou Dilma já?

É um pragmatismo de grandes proporções. Os cientistas políticos juram que tudo isso é funcional e que não devemos ser tão puristas em relação ao que move os agentes políticos. Ok. Mas que às vezes revira o estômago, não dá para negar.

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