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Fazer o sucessor: uma raridade
| Foto:
Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Dilma e Lula: dupla tenta fazer história.

O presidente Lula, com seu apoio a Dilma Rousseff, tenta algo que pode parecer banal mas que, na história da política brasileira, tem sido raríssima: fazer o sucessor.

É espantoso perceber quão poucos conseguiram isso. Faça a conta. Quantos são?

Não vale, claro, o período da República Velha, onde o Partido Republicano escolhia seu candidato como quem escolhia o presidente.

Dessa época, o último caso foi o de Washington Luís. Elegeu Júlio Prestes. Mas o sucessor não chegou a tomar posse. Foi derrubado previamente pela revolução de Getulio.

Getulio elegeu a si mesmo como seu sucessor, mas só indiretamente. Quando caiu, resistiu o quanto pôde para apoiar
Dutra. Não se pode dizer que o candidato fosse o seu favorito. O candidato favorito de Getulio, sabe-se, foi sempre o próprio Getulio.

Dutra também não apoiou a volta do getulismo. Lançou Cristiano Machado para sucedê-lo. Não vingou.

Vargas não pôde fazer o sucessor na sua volta ao governo. Morto, foi substituído por JK.

Juscelino igualmente não conseguiu eleger um substituto. Quem ganhou foi Jânio, que prometia varrer com sua vassourinha a corrupção dos anos JK.

Jânio nem terminou o governo. Ficou só sete meses. Seu sucessor, Jango, foi derrubado. Nem eleição pôde fazer.

Os militares deram folga às urnas. A sucessão era por escolha interna. Obviamente, não vale.

Depois, veio Sarney, que também não emplacou sucessor. Elegeu-se Collor, que o odiava.

Collor não terminou o mandato. E aí vem uma das esquisitices da política nacional. Seu vice, Itamar Franco, que não tinha votos nem para eleger a si próprio, foi a raridade que estávamos procurando: elegeu o sucessor.

Fernando Henrique, por sua vez, não conseguiu o mesmo. Seu candidato, José Serra, perdeu para Lula. E aqui estamos.

Em 80 anos de história, portanto, desde que nossas eleições passaram a ser sérias e democráticas, só dois homens conseguiram eleger seus sucessores.

Vargas, meio sem vontade. Itamar, um vice sem votos, com algum empenho. Nenhum dos dois, no entanto, era presidente eleito.

Lula fez Dilma surgir do nada. Se conseguir elegê-la, poderá dizer mais uma vez o seu famoso bordão. “Nunca na história deste país…”

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