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Fruet insiste em ter R$ 6 bilhões para metrô sem provar que ele é necessário
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fruet2O prefeito Gustavo Fruet (PDT) continua na sua busca pelas verbas que podem garantir a construção do metrô – caso um dia a obra seja desembargada e se torne juridicamente viável, o que já é um belo empecilho. Nesta quarta, como relata o repórter André Gonçalves, foi a Brasília pedir que se atualize o valor dos repasses, para que não haja perdas pelo fato de a obra estar parada (antes mesmo de seu começo).

Com a nova correção dos valores, o metrô curitibano ficou muito perto dos R$ 6 bilhões. O que faz com que ele custe o orçamento da prefeitura inteira para dez meses, aproximadamente. Ou o total de custos do atual sistema de transporte coletivo da capital e região por seis anos (um mandato e meio de prefeito).

Claro que a prefeitura responderia por uma parcela “pequena” disso. Seriam R$ 700 milhões. Ou o equivalente a 10% de um orçamento anual. Mas mesmo isso é muito dinheiro. Pensando em termos de cidade: seria o suficiente para construir 350 creches. Ou pagar passagens gratuitas para os curitibanos no busão por quase um ano todo.

Os R$ 700 milhões, para fazer outra conta, são 40% mais do que a dívida que Fruet vive reclamando que foi deixada por Luciano Ducci (PSB), seu antecessor e que, segundo Fruet, hoje dificulta a gestão da cidade, praticamente impedindo investimentos de peso. Os valores do metrô serão mais parcelados, evidentemente, mas mesmo assim representarão um peso importante nas contas do município.

O investimento vale a pena? A prefeitura atual garante que sim. Mas é difícil ter certeza até mesmo porque o teste mais básico e mais importante para saber se a obra do metrô, custando toda essa fortuna, faz algum sentido, nunca foi feito. Em mais de dois anos de prefeitura, Fruet continua insistindo no erro de seus antecessores e ainda não realizou uma pesquisa de origem-destino com os curitibanos.

Isso significa dizer que ninguém sabe exatamente quantos curitibanos precisam da linha que será feita. É como abrir uma rua sem saber se alguém quer usá-la, ou ampliar um hotel sem saber se existirá demanda. Um tiro no escuro.

Quem disse, por exemplo, que colocando novas linhas ligando o centro ao sul por vias paralelas à do expresso o problema não seria resolvido por uma fração do preço do metrô? Pode ser contraintuitivo, mas só fazendo uma pesquisa completa e séria dá para saber se de fato o metrô é necessário ou se é uma solução mais cara do que outras igualmente eficientes.

A pesquisa custa menos de R$ 10 milhões. Uma ninharia perto do que será usado para a obra. E poderia, principalmente, melhorar as linhas de ônibus da cidade, todas feitas até hoje com base na boa vontade e na adivinhação.

Gastar R$ 6 bilhões de dinheiro (na maior parte público) e R$ 700 milhões do orçamento da cidade (comprometendo a capacidade de investimento de várias gestões) exige planejamento perfeito. Mas não é isso que se está vendo até aqui.

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