Muita gente está comemorando a prisão de Lula, anunciada para esta sexta-feira. Há somente duas possibilidades para isso. Uma é razoável, a outra é péssima. Uma tem a ver com amor, a outra, com ódio.
É possível comemorar uma prisão? Claro. No caso de Lula, por exemplo, há quem creia que ele foi o líder de uma quadrilha que prejudicou imensamente o país, principalmente por meio de atos de corrupção.
Há quem comemore a prisão de Lula por amor ao país, imaginando que isso tira de circulação um político corrupto e, além disso, serve como recado para os demais. Comemora-se pensando que o país está finalmente indo para um bom caminho.
O ódio
Mas há quem comemore também por ódio. Por ódio ao ex-presidente e a tudo o que ele representa. E aqui não necessariamente a principal avaliação é sobre o processo do tríplex em si. Há quem ache que tanto faz se foi ou não culpado do que lhe imputam – o que importa é que ele vá preso.
E esse ódio, muitas vezes, parece político no pior sentido possível. Parece vir de um gosto por ver o “outro” morto, não só derrotado; por ver no naufrágio alheio a sua melhor vitória; pela necessidade de esmagar o diferente como forma de reafirmação pessoal.
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Há ódio de classe envolvido sim, não se pode negar. Há ódio pelo que Lula representou: da ascensão pessoal própria (um presidente analfabeto!) à alheia (como puderam transformar nossos aeroportos em rodoviárias!).
Lula merece ser julgado pelos seus atos. Merece até ser desprezado pelo que fez ou deixou de fazer.
O ódio que se lhe dedica, porém, muitas vezes é mais indigno do que as próprias ações do ex-presidente – e mais perigoso.