Saiba quem é o juiz que virou astro da web por usar compaixão nas suas decisões

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Você já deve ter visto nas redes sociais. Um juiz americano com cara de avô chama o próximo caso. Uma pessoa acusada de alguma pequena infração (normalmente casos de trânsito) aparece diante dele. Os dois conversam sobre a história e o final (garante o título da postagem) é “hilário” ou “emocionante”.

Realmente há histórias engraçadas nos vídeos do juiz Frank Caprio, um sujeito de 80 anos que provavelmente não sabia o que era “viralizar” e que está há décadas na corte de Providence, a capital do menor dos 50 estados norte-americanos, Rhode Island.

Como o caso da senhora que apareceu no tribunal com uma filha. No meio do julgamento, Frank faz o que parece fazer várias vezes. Chama a menina para perto e pede que ela ajude a estabelecer o veredito. Neste caso, a menina diz que estava morta de fome porque ainda não tinha tomado café da manhã. E o juiz arquiva a multa, desde que o dinheiro que a mãe ia gastar seja usado para pagar uma bela refeição para a menina.

A história que mais tem circulado é do outro gênero, o gênero “emocionante”. E de fato a história é triste. Uma senhora que tinha uma série de multas e não tinha como pagar por isso conta o ano terrível que passou. E o juiz descobre que mesmo deixando por 50 dólares (bem menos do quer ela devia) ainda ia deixar ela sem nada.

O curioso é que as histórias não são filmadas por acaso, nem “vazam” por algum motivo. Elas são parte de um
“reality show” em que Caprio é o astro. Ele permitiu que as sessões do tribunal fossem filmadas e transmitidas pela internet. E transformou isso em uma espécie de “show da vida real” em que tenta mostrar como funciona o Judiciário no julgamento dessas pequenas causas. Pelo menos quando o juiz é ele.

O programa se chama “Caught in Providence”, algo como “Pego em Providence”. Passa numa afiliada local da ABC e num canal a cabo. E tem até um canal próprio no YouTube. Alguns vídeos passam fácil de um milhão de visualizações.

Frank Caprio é o responsável pela corte municipal de Providence desde 1985. Depois de ser indicado pela primeira vez para o cargo, já foi reconduzido seis vezes. Também tem um cargo estadual em que tem a responsabilidade de decidir a distribuição de recursos do ensino superior. É advogado e sócio em um escritório (nos EUA, os juízes são muitas vezes escolhidos entre advogados da região).

Caprio se tornou não só uma estrela da internet. Em certo sentido, virou para muita gente um símbolo do que o Judiciário deveria ser. Ao invés de decidir pela letra fria da lei, prefere saber a história das pessoas – decidir, como diria Ronald Dworkin, como se aquilo fosse uma cena de um romance: é preciso saber o início da trama.

Em uma entrevista que deu sobre sua atuação, ele diz que fica feliz pela recepção que suas decisões têm tido e que acha que é importante que os juízes usem não só o bom senso como também um pouco de compaixão em suas decisões. Não deixa de ser um belo exemplo.

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