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Renato Perissinoto. Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo Gazeta do Povo.

Renato Perissinoto. Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo Gazeta do Povo.

O blog entrevistou sobre a  busca e apreensão na casa de Lula e sua condução coercitiva o professor de ciência política Renato Perissinoto, da UFPR.

O que os fatos de hoje significa para o PT?
É o mais forte golpe que o partido recebeu desde 2005. Sendo curto e grosso, é um quase nocaute. O Lula é a grande figura do partido e mesmo com as investigações não perder toda a sua força, inclusive eleitoral. O sujeito vem sendo malhado há 11 anos. Aí vem uma pesquisa de opinião que mostra que, apesar de perder a popularidade, contra o Alckmin ele vai para o segundo turno. Que tem intenção de voto perto do Aécio. É óbvio que é uma figura relevante para o PT. Então há dois efeitos. A pancada imediata, eleitoral. E a pancada do ponto de vista simbólico.

Qual é a diferença do caso atual, do Lula, para o Collor, em 1992? Há riscos de ruptura institucional?
Tudo depende de como as coisas vão se desenvolver daqui para frente. Há uma variável muito diferente porque o Lula tem um partido estruturado, com enraizamento nos movimentos populares. Tem a CUT, tem o MST, que dizem que vai antecipar manifestações. Se encher as ruas de petistas e eles encontrarem antipetistas, a coisa pode engrossar. E isso sai dos canais normais de resolução de conflito. Tudo depende do tamanho da reação do PT. A situação de fato pode se agravar. Outra diferença gigantesca é que o Lula saiu da presidência com 80% de aprovação, visto pela população como um grande presidente, ao contrário do Collor. Mas é difícil saber até que ponto a militância está engajada.

Muitos petistas e aliados falam em “golpe”. Como o sr. vê isso?
Quando eu olho para esse processo tento compreendê-lo em suas várias dimensões, vendo quais são os objetivos dos vários atores. No que diz respeito ao Moro e aos procuradores, é preciso notar que eles têm sido muito fortalecidos desde 2003. A PF, o Ministério Público foram muito fortalecidos na gestão do PT. E eles se transformaram em agentes políticos estratégicos, não partidários. O que esses caras querem é acumular poder para realizar o ideal deles, que é o de limpar o país. Têm uma visão salvacionista. Por que o PT? É muito mais rentável nessa acumulação de poder. É o partido que está no governo federal e é um partido que tem uma rejeição já de parte da mídia e da elite econômica.  Isso quer dizer que eles não vão atrás do PSDB? Não. Se tudo continuar igual, eles vão atrás do PSDB também. Mas nesse momento, de maneira instrumental, eles aceitam o apoio da oposição. O PSDB sim é um agente de um golpe, tem uma visão golpista do processo. E nesse processo os juízes e promotores também cometem exageros. Vazam, prendem, fazem uma operação midiática na casa do Lula. E nisso colocam em risco aspectos da democracia.

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