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Enchente 2 AR

As enchentes são uma tradição em Curitiba. Praticamente todos os anos, milhares de pessoas são atingidas pela água que sobe rapidamente. As autoridades costumam ter várias respostas na ponta da língua. Uma delas é a de que a chuva aquele período foi absolutamente excepcional e que, portanto, havia pouco a fazer, O segundo ponto da resposta, tradicionalmente, é que apesar das dificuldades, muito foi feito e, se não fosse o esforço das autoridades, tudo seria pior. E o terceiro ponto é afirmar que está em curso um projeto de longo prazo que, vocês verão!, resolverá definitivamente o problema. Será o maior programa etc, etc…

Obviamente é muito cedo para culpar a administração de Gustavo Fruet por qualquer coisa. Em um ano e meio não se limpam todos os rios da cidade, não se retira toda a população da beira de rios e nem se cria um sistema de drenagem decente para as áreas impermeabilizadas. Por isso, apesar de a atual gestão ter seguido à risca o manual Homer Simpson de resposta à população (“Já estava assim quando eu cheguei”, diz o mandamento), é preciso ter um pouco de paciência para ver se o maior projeto de todos os tempos (dessa vez de R$ 798  milhões, diz a prefeitura) resultará em algo.

O fato, porém, é que há várias gestões tem havido descuido com o problema. na gestão de Cassio Taniguchi, por exemplo, o prefeito admitia, sem maiores problemas, que o dinheiro sendo curto, sempre havia alguma área que receberia menos recursos. E a área escolhida era a habitação. Bastava ver o orçamento para ver que sempre havia pouco dinheiro ali. E isso significava que quem morava na beira do rio tinha pouca possibilidade de ir para lugar melhor.

Houve medidas pontuais, claro. A Vila 23 de Agosto, à beira do Ribeirão dos Padilha, foi um caso: os moradores foram para novas casas, mais distantes do rio. Mas também não estão à salvo. Até porque, ao contrário do que faz parecer o discurso oficial, a beira do rio está longe de ser o único problema. O problema tem a ver com o excesso de concreto e asfalto que impede o escoamento da água rapidamente. E com a sujeira nos bueiros e bocas de lobo. (Se nem os bueiros e  bocas de lobo se conseguir limpar, teremos problemas sempre.)

Na campanha passada, a enchente pouco entrou como tema. Mas consegui perguntar a vários candidatos, em ocasiões diferentes, sobre o assunto. Rafael Greca chegou a falar em um reservatório de concreto a ser posto debaixo das vias, que recebesse a chuvarada e depois escoasse aos poucos. Seria uma ideia. Pelo menos parece algo capaz de enfrentar a noção de que sempre que houver uma chuva mais forte estaremos fadados pelo destino a ver o cenário de desgraça que se repetiu nesse fim de semana.

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