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Não é a miss que é gorda. Concursos de miss é que são uma aberração
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Muitas mulheres reclamaram nesta semana, nas redes sociais, do que ocorreu no Miss Mundo. Principalmente dos comentários sobre a suposta “gordura” da Miss Canadá. Claro que elas têm razão: é absurdo dizer que a moça estava acima do peso – só um padrão deformado e temerário para a saúde (sem dizer para a auto-estima) das mulheres poderia levar a uma crítica como aquela.

As mulheres que criticaram o comentário – conheço muitas delas – são muito mais inteligentes do que o comentarista que conseguiu dizer algo do gênero. Muitas são bem informadas, são feministas, muitas lutam diariamente para que a divisão do mundo em gêneros não seja cruel como é hoje, lutam por maior liberdade para as mulheres. E é compreensível que se choquem com alguém que diga isso.

Mas o que me espanta, ao mesmo tempo, é que essas pessoas consigam esperar qualquer coisa diferente de um… concurso de miss. Vamos deixar claro: há poucas coisas (à exceção das opiniões do ministro Ivens Gandra Filho) do que um concurso de miss. Aquilo foi feito para dizer o que se espera de uma mulher submissa. Que seja bonita (dentro do padrão de beleza que se impõe às mulheres), “prendada” (qual é seu talento, querida?) e superficial – que não vá expressar nada mais inteligente do que um vago desejo pela paz mundial.

Concursos de miss são uma aberração. Lá, faz todo o sentido que se exija que uma moça, ainda que linda, ainda que escolhida a mais bela de seu país, de um país com 36 milhões de pessoas, emagreça um pouco mais para agradar ao padrão de um imbecil que quer vê-la magérrima. Lá, espera-se que elas desfilem de maiô para mostrar que não têm celulites ou estrias. Lá, espera-se que elas sorriam sempre: como animais ensinados.

Concursos de miss são uma aberração que deveriam ser rejeitados por qualquer um que não concorde com a imposição do que uma mulher deve ser. O glamour. A fama. A necessidade da roupa que mostre o corpo perfeito. A humilhação diante de jurados encarregados de julgá-las como se julga animais em uma exposição. Não há nem pode haver nada de inclusivo nisso. É puro machismo, pura submissão.

Deixem a missa Canadá fazer o que quiser com seu corpo, evidente. Deixem cada mulher fazer o que quiser com seu corpo – inclusive desfilar para ser miss. Mas deixemos o concurso de miss para quem simpatiza com essa aberração que é reduzir uma mulher a seu peso e à sua conformidade com um padrão de peitos, bunda e sorriso perfeito.

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