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O massacre do Rio choca a todos nós. A indignação é natural e saudável. As cenas são terríeveis. O que conseguimos imaginar sobre a cena ocorrida dentro da escola pode ser ainda mais trágico.

Acaba se transformando num daqueles casos em que todo mundo tem uma opinião. E é curioso ver como cada um acaba enxergando na tragédia o seu próprio fantasma.

Poucas horas depois das mortes, as tais redes sociais transbordavam de comentários sobre o assunto. E não faltavam “explicações” para o que tinha acontecido. Cada um tem a sua, pré-fabricada.

Quem é contra a religião, logo começou a escrever que o problema era a ligação do atirador com esse ou aquele culto. Escreveu-se no Twitter que um ateu jamais faria aquilo, entre outras coisas do gênero.

A turma da lei e ordem falou antes de mais nada que falta segurança, falta polícia, que a escola precisava de uma segurança mais eficiente.

Há quem vá pôr a culpa na desagregação da família e no fim dos valores. Houve quem tenha usado o fato para fazer campanha tardia para o referendo do desarmamento.

Quem vê o problema da educação como o principal da sociedade, poderá dizer que se a escola que ele frequentou fosse melhor, se os professores lhe dessem mais atenção, tudo poderia ser evitado.

Houve até quem conseguisse transformar o pesadelo em uma disputa entre PT e PSDB. Nem isso, nem a morte violenta de crianças inocentes é respeitada pelos fanáticos dos dois lados… Patético e triste.

Uma tuiteira chegou a escrever um pedido para que explicassem como aquilo havia virado uma discussão política. “Alguém me explica pq um maluco atirando numa escola virou discussão PT X PSDB nesse twitter?”

O fato, porém, é que, se formos honestos, chegaremos à conclusão de que, pelo menos por enquanto, não temos como saber o que causou tudo isso. E o mais provável é que ninguém jamais consiga entender.

O que se vê, mesmo assim, é que cada um aproveita o choque da população para tentar impor sua ideologia, seu partido, suas teorias sobre a sociedade. Na hora da dor, tenta-se ainda vender uma solução, a solução de cada um.

A intenção, às vezes, pode ser boa. Alguns diagnósticos, como o de que realmente faltou uma barreira que impedisse a entrada de qualquer um na escola, são claramente válidos.

Mas alguns comentários passam disso e se transformam num triste vampirismo ideológico que, sinceramente, poderíamos dispensar.

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