O “desmentido” de Delcídio não desmente coisa alguma

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A nota de Delcídio do Amaral vem sendo vista por muitos veículos de comunicação como um “desmentido” da reportagem da IstoÉ. Os blogs interessados em defender o governo vão claramente ao ponto, para tentar de uma vez se livrarem da denúncia. Outros são mais cautelosos. Mas vendo a nota com algum cuidado vê-se que Delcídio não desmentiu coisa alguma

A nota começa dizendo que “nem Delcídio nem sua defesa” confirmam o conteúdo da matéria. Não confirmar é bem diferente de negar. Simplesmente quer dizer que ele se negou a confirmar. Pode ser por opção, por estratégia, e não por estar afirmando que a reportagem é mentirosa.

Em seguida, a nota diz que Delcídio e sua defesa “não conhecem a origem dos documentos” mostrados na reportagem. Ora, isso quer dizer (ou pode querer dizer) apenas o seguinte: o senador não sabe quem foi que vazou aquilo. De novo, ele não nega que os documentos existam.

O trecho que passa mais perto de um desmentido é quando se diz que o senador “não reconhece a autenticidade” dos documentos. Mas só o que isso diz é que ele pode não reconhecer o papel: pode ter dito aquelas coisas mas não reconhece a versão naquele formato.

Em nenhum momento Delcídio e seu advogado, o paranaense Antonio Figueiredo Basto, dizem na nota algo como “desmentimos”, “negamos a delação”, “isso nunca existiu”. Parece mera estratégia da defesa para não complicar Delcídio sem ter que mentir.

Blogs e sites interessados em defender o porquê lembram que a IstoÉ tem sido uma revista pouco confiável em tempos recentes. Verdade. Mas se inventaram, tudo isso, quem vai presa é a jornalista. Então é preciso ter cuidado antes de acreditar em falsos desmentidos.

Veja a nota de Delcídio:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público, o Senado Delcídio Amaral e a sua defesa vêm se manifestar sobre a matéria publicada na Revista IstoÉ na data de hoje. À partida, nem o Senador Delcídio, nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto. Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestarmos sobre fidedignidade dos fatos relatados. Por fim, o Senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República.

SENADOR DELCÍDIO AMARAL
ANTONIO AUGUSTO FIGUEIREDO BASTO

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