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O estranho costume de fazer sexo em postos de combustível
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A polêmica em torno da venda de bebidas alcoólicas em postos de combustível no Paraná mostrou um dos momentos mais constrangedores do Legislativo local no ano. O personagem foi Nelson Justus (DEM), que fez uma defesa inusitada da permissão para que os postos vendam o que queiram.

Segundo Justus, proibir a venda de bebidas alcoólicas nos postos seria comparável a proibir a venda de preservativos. A lógica arrevesada do deputado diz o seguinte: a ideia de não vender bebidas tem a ver com o fato de ser proibido dirigir alcoolizado. Também é proibido fazer sexo no posto de combustível (sim, ele usou isso como argumento). Como as duas coisas são proibidas, ou se vende os dois ou não se vende nenhum.

O argumento é tão estapafúrdio que parece difícil de responder num primeiro momento, dado o número de esquisitices envolvidas. Mas é importante fazer a diferenciação. Até porque, seja lá por quais motivos, a maioria dos deputados concordou com Justus e derrubou o projeto que proibia a venda.

Primeiro, e mais importante. Não se tem notícias de pessoas comprando camisinha num posto para fazer sexo ao ar livre no próprio posto de combustível. Não se sabe se o deputado foi informado de algum caso, mas parece improvável. E a argumentação de legisladores, parece óbvio, deveria ocorrer em torno de coisas prováveis.

Mas, mesmo que isso se tornasse um estranho costume. Não haveria nisso nem de longe o risco envolvido na prática de dirigir alcoolizado: E atenção: comprar bebidas em postos para ingeri-las em seguida e sair dirigindo por aí, isso sim infelizmente é frequente e precisa ser combatido (se o melhor modo é proibir a venda, isso é outra história).

Pelo contrário, se as pessoas tivessem esse inusitado costume que passou pela cabeça do deputado, a camisinha, em todo caso, seria um jeito de diminuir os riscos envolvidos, não de aumentá-los…

O fato é que há muitas mortes nas estradas, como comprova qualquer feriadão. Mesmo tendo havido diminuição neste último, o da República, os números, para quem não se anestesiou com a sequência aterradora que vivemos a cada tempo, ainda são altos demais. A proibição da venda diminuiria isso? Eis o que deveria ser debatido.

Em tempo, o representante dos bares, Fábio Aguayo, também deu entrevistas sobre o assunto dizendo que a proibição seria mais um sinal de que vivemos em uma “ditadura silenciosa” que “quer proibir tudo”. É curioso como se banalizam conceitos importantes. Todo mundo que ´contra algo usa o tempo todo a expressão ditadura. Tudo que é contra o que queremos é ditatorial. Ora, uma das funções do Legislativo, numa democracia, é fazer leis, algumas delas restritivas. Não há nada ditatorial nisso.

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