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fruet - AM

Um dos personagens do romance “A peste”, de Albert Camus, passa todo o tempo imaginando como seria o livro que iria escrever. Mas ele nunca passa de uma primeira frase. A cada vez que aparece na história, ele modificou um pouco a sentença, para que ela fique perfeita. Nunca chega nem a completar um parágrafo, fica só burilando aquele pensamento. Enquanto isso, a cidade enfrenta a praga e milhares morrem.

A história do metrô em Curitiba á parecida. Nunca se passa de um projeto inicial. Lembro que quando comecei no jornalismo, na gestão de Cassio Taniguchi, o clima era de que agora a coisa ia. O prefeito dispensou os projetos anteriores e lançou a ideia de um veículo leve sobre trilhos. Citavam-se cidades francesas com projetos iguais. Havia o financiamento. Ia sair!

Que nada. No mesmo mandato, Taniguchi passou por outro projeto, também. Era o monorail: um veículo que andaria suspenso pela cidade. Novamente, exemplos europeus, financiamento, estudos preliminares. Uma beleza. E nada.

Na primeira gestão de Beto Richa, o prefeito ia apresentar uma proposta. Dizem as más línguas que, por influência de Jaime Lerner, um ardoroso defensor do ônibus que ele mesmo inventou, o expresso, desistiu. Depois, voltou atrás e veio com o novo projeto. Estava tudo certo: do Pinheirinho ao Santa Cândida. Aí ficaram nisso: muda um pouco o trajeto, encaixa no PAC disso, depois no PAC daquilo.

Luciano Ducci assumiu. Deu sequência e chegou a receber a presidente para anunciar que agora era oficial, não tinha mais volta. O metrô sairia. Tinha valor, financiamento, trajeto, um projeto incrível etc e tal. Mas Ducci não se reelegeu.

Agora, Gustavo Fruet cumpre o protocolo. Diz que tem também interesse. Reuniu todos os sábios, pediu propostas, cancelou o projeto do antecessor (este é sempre o passo decisivo e inelutável) e começou a trabalhar na sua própria ideia. Agora, recebeu quatro projetos preliminares (claro, sempre preliminares) e diz que em 30 dias a prefeitura terá estudado o material.

O edital sai no fim do ano. E depois, ah, ninguém segura. Agora esse metrô sai. Ou alguém aí seria capaz de duvidar disso?

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