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O orgulho de Requião é a economia
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Roberto Requião deu ontem uma raríssima entrevista à Gazeta do Povo. Desde que assumiu o governo em 2003, dá para c

Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Requião acredita que poderia ser candidato. Mas vai mesmo é de Dilma.

ontar nos dedos quantas vezes falou com o jornal. Dessa vez, as declarações foram dadas em Brasília ao excelente repórter André Gonçalves.

Tenho certeza de que a maior repercussão da entrevista será em relação à parte eleitoral. Requião diz que teria chances de se eleger presidente (mas diz que o PMDB não está interessado em ter candidato próprio, e nesse caso apoia Dilma); e afirma que pode não sair para o Senado caso ache que precisa de mais tempo para terminar coisas importantes de seu governo.

Para mim, porém, o que mais chama a atenção na entrevista é a resposta sobre a presidência. Requião diz que teria chances porque “a administração pública do Paraná é um exemplo para o Brasil”. E logo a seguir passa a enumerar alguns dos fatos que, segundo ele, o credenciariam a disputar o governo federal.

Não é curioso saber o que um político acha que foi o seu maior legado no governo? Requião, aqui, responde à queima-roupa, sem tempo para pensar muito e sem ser instado a dar uma resposta definitiva. Portanto, acho que ele estava realmente falando espontaneamente, sobre as primeiras coisas que lhe vieram à cabeça.

E quais são essas coisas? Todas dizem respeito a economia.

Primeiro, o governador menciona a reforma tributária e seu efeito sobre a arrecadação. “A nossa reforma tributária é fantástica e estamos arrecadando 8,5% a mais do que no ano passado, enquanto o Brasil inteiro está perdendo recurso.”

Depois, passa para a parte de desenvolvimento econômico do estado. “Porque nós não cobramos da microempresa, baixamos os impostos de bens que o salário compra, porque temos a energia elétrica mais barata do Brasil.”

Por último, fala de poder de compra da população. “Porque os salários têm sido aumentados pelo salário mínimo regional.”

Ou seja: Requião, quando pensa rápido para responder porque seu governo merece ser defendido, pensa antes de tudo em impostos, empresas, energia elétrica e salários.

Isso mostra que Requião não é, como nunca foi, autor de grandes obras de infraestrutura. Está fazendo a hidrelétrica de Mauá. Terminou Segredo. Mas não é esse, definitivamente, seu forte.

Na área viária, seu maior esforço foi político, contra o pedágio. Não ganhou. Prometeu as estradas da liberdade. Ainda não entregou.

Na saúde, traçou plano grandioso de obras, com dezenas de hospitais. Mas o número de obras a entregar só cresce, e o de obras prontas e funcionando não tem aumentado rápido como ele desejaria.

Também não surgem das áreas tocadas por seus irmãos (a educação e o porto) os exemplos que ele cita na entrevista.

E aí dá para juntar isso tudo com uma outra declaração do governador na mesma curta entrevista. Diz ele que não quer pensar em eleição agora. “O importante para mim é não perder a perspectiva da administração pública com acertos políticos e jogadas eleitorais. Se a gente começa a fazer muita política, cai a qualidade da administração.”

E, vejam só. Na área econômica, que surgiu imediatamente na cabeça do governador assim que ele precisou de bons exemplos de seu governo, foi justamente onde houve menos política e mais técnica.

Desde o começo do governo se diz que Heron Arzua, o secretário da Fazenda, é o melhor homem do governo. O mais técnico, o mais preparado. Foi de lá que partiu a tal reforma tributária, por exemplo.

O curioso é que Requião seguiu pouco o exemplo que ele mesmo defende e que, aparentemente, deu certo em partes importantes de seu governo. Acabou fazendo mais política do que deveria. Como diz um amigo, esqueceu de sair do palanque.

O governo de Requião vai chegando ao fim, isso é certo. Também é certo que, como todos os outros, teve erros e acertos. A História vai julgá-lo aos poucos. O próprio governador parece já estar fazendo algum balanço sobre isso. E, ao que parece, é a economia que lhe faz pensar que ele tem algo para comemorar.

Quem quiser ler a entrevista toda, clica aqui.

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