O debate na Band, nesta quinta, não deve ter tirado pontos de ninguém, nem deve ter mudado radicalmente a situação da eleição. Mas mostrou tendências interessantes de cada candidatura. Veja abaixo como cada um se saiu e o que isso pode dizer para o restante do primeiro turno:
Beto Richa
O governador, que não é exatamente conhecido como um mestre da oratória, se saiu surpreendentemente bem no primeiro confronto com Roberto Requião. Requião escolheu o adversário logo para a primeira pergunta (quando ainda havia mais gente acordada). Foi irônico como sempre e levou uma bordoada como poucas vezes lhe acontece. Richa chamou-o de mentiroso contumaz e Requião sentiu o golpe, aparentemente.
Richa também procurou Gleisi para o debate por iniciativa própria, e fez o papel de antipetista (que, aliás, é uma coisa que parece sincera nele, já que em toda a sua carreira sempre esteve contra o PT, sem exceções). De resto, não tropeçou muito feio e pareceu menos “ensaiado” do que o costume.
Roberto Requião
O velho senador parecia longe de sua melhor forma. Primeiro, não conseguia terminar as perguntas nos 30 segundos que lhe eram dados e ficava irritado por isso. Chegou a dizer que daquele modo “o debate era impossível”. Mas claro que devia saber as regras. Antes de começar o evento, na entrada, disse aos repórteres que não precisava se preparar para o debate porque já foi governador três vezes. “Os outros é que precisam se preparar”, disse. Deu nisso.
Também ficou estranho quando tentou fazer o tipo do senhor calmo que foi agredido pelo jovem Richa. O papel não lhe cai bem, e ainda deu margem a que dissessem que o antigo vigor deu lugar a um comportamento passivo demais. De resto, conseguiu em um ou outro momento pressionar Richa. Não quis debater com Gleisi e preferiu fazer perguntas aos nanicos. Mesmo assim, ainda se disse “injustiçado” por Bernardo Pilotto.
Gleisi Hoffmann
A senadora se mostrou articulada e preparada para fazer perguntas difíceis. Preparou até uma piadinha com base em um texto deste blog, dizendo que o governador Beto Richa se diz surpreso tantas vezes que parece um “governador Kinder Ovo”. A piada foi meio infame, mas imediatamente deu margem para que se criassem memes sobre Richa na internet.
Levou uma invertida feia de Túlio Bandeira. Desnecessariamente levantou a ficha criminal do adversário e ouviu dele o que não queria: o fato de ter contratado um tipo como Eduardo Gaiveski, acusado de estupro, para a Casa Civil. De resto, foi bem nos confrontos diretos.
Túlio Bandeira
Seu grande momento foi o confronto com Gleisi. Deu uma lambada na senadora, mas teve de admitir que foi preso e prometeu provar sua inocência. De resto, sem grandes novidades.
Ogier Buchi
O papel do apresentador da Rede Massa foi o de dizer que o debate estava tendo baixaria demais e poucas propostas. Falou de pedágio para tentar pôr Requião na parede e pouco mais.
Bernardo Pilotto
O candidato do PSol estava visivelmente nervoso, o que ficou claro logo de cara quando a câmera pegou a imagem dele de olhos fechados, como se estivesse rezando. Virou meme, claro. Foi ignorado nos primeiros blocos e restrito a fazer duplinha com o PSTU falando de temas caros à esquerda. Mais tarde, conseguiu acuar Requião ao responder para ele sobre hospitais regionais: Requião esperava um escada para falar de seu governo, mas Pilotto foi em direção bem diferente.
Rodrigo Tomazini
O típico candidato da esquerda mais à esquerda que a esquerda, falou de privatização no caso do HU. Queria falar HC, mas se confundiu até nisso. Fez um discurso confuso sobre machismo e prometeu lavanderias públicas para aliviar o drama da dupla jornada das mulheres.
Geonísio Marinho
Único candidato declaradamente de direita, teve seu melhor momento ao corrigir Gleisi, que falava da rebelião em Cascavel e se atrapalhou, dizendo que a rebelião tinha sido na Papuda. Geonísio fez a correção com uma tranquilidade incomum para alguém sem experiência. Tentou ser poético em alguns momentos e não funcionou.
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