Governos podem ficar sem dinheiro, sabe-se disso. Às vezes, nem é culpa deles. A economia vai mal, pagam-se menos impostos, a lei exige certas despesas etc. No entanto, há jeitos e jeitos de lidar com a falta de verbas. Dar calote é um deles. E parece estar sendo a solução encontrada pela atual administração estadual.
O governo do estado está devendo, como se sabe, mais de R$ 16 milhões que tinha de ter pago às empresas de transporte coletivo ainda no ano passado. Deve, não nega e paga quando puder? Não é bem assim. O certo seria: deve, não nega e admite que talvez nem venha a pagar. Paga apenas se sair um novo acordo com a Urbs. Ou seja: a dívida serve como instrumento de negociação. Isso também tem nome.
As declarações dadas por autoridades públicas ligadas ao governo nesta segunda-feira, como o diretor-presidente da Comec, Omar Akel, foram neste sentido. Os R$ 16 milhões não serão pagos de qualquer maneira. Mesmo havendo um papel assinado pelo governo do estado. Não é nem questão de cumprir com a palavra: é questão de cumprir com o acordo por escrito. Registrado em cartório, como gosta de afirmar o governador Beto Richa (PSDB).
O discurso de Akel na entrevista ao ParanáTV 1.ª Edição foi de que, sim, o governo não repassou os recursos devidos, mas que “outras coisas” também não foram feitas em relação ao transporte coletivo. Além disso, diz ele, o governo repassou mais de R$ 64 milhões para o sistema (obrigação contratual, novamente) e isentou o diesel. Nada disso está em discussão.
O que está em discussão é que um governo estadual não pode pendurar a conta. Nenhum governo democrático pode fazer isso. Como disse o governador Beto Richa, não se podem “terceirizar responsabilidades”. Jogar tudo nas costas dos outros é fácil. Sair sem pagar, também. Mas não é certo.
Depois, mais tarde, na audiência na Justiça do Trabalho, o governo se propôs a pagar tudo. Mas em sete vezes. É bem ruim. Mas pelos menos trata-se de um pagamento, e não mais de calote. Dos jeitos ruins de se lidar com a falta de dinheiro, esse ainda é o menos pior. Dever, não negar e pagar quando puder.
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