Com informações de Euclides Lucas Garcia:
“Já que estamos no inferno, o negócio é beijar o Capeta.” A frase é de um deputado estadual paranaense que, por motivos óbvios, não deseja ser identificado. O significado da frase é o seguinte:> para quem já andou até no ônibus do choque, o negócio é aprovar de uma vez por todas o tal pacote de ajuste fiscal do governo Beto Richa (PSDB). Pode ser o melhor jeito de sair do buraco em que os deputados se meteram.
Como se sabe, o tal pacotaço, na versão 1.0, levou os professores da rede estadual de ensino a ocuparem a Assembleia e a quase tomarem de assalto o restaurante que os deputados tinham improvisado como plenário. Levou a uma greve de um mês na educação do Paraná. E, principalmente, do ponto de vista dos deputados, causou um cerco a todos os que tinham se predisposto a votar favoravelmente ao projeto.
Na versão 2.0, quase inteiramente já encaminhada à Assembleia, o bicho é menos feio do que já foi. Mas o pacotaço, mesmo em seu novo formato, causa seus descontentes. Como a OAB, que se queixa do novo valor para transformar dívidas em precatórios – os advogados argumentam que a já intragável fila ficará ainda maior. E isso que o plano da previdência ainda não seguiu para discussão. Embora haja consenso entre os sindicalistas de que a coisa melhorou, não quer dizer que não haverá contestações.
Ir ao inferno, do ponto de vista dos deputados, foi entrar no ônibus do choque para não apanhar na entrada da Assembleia (aliás, ideia vencedora do troféu de pior do ano, até aqui). Beijar o Capeta é aprovar o projeto, mesmo sabendo que arrocho é impopular. Mas por que aprovar, então? É que a expectativa dos deputados é que isso ajude o governo a sanear as contas e a, quem sabe, investir algo daqui até a próxima eleição.
Só assim, calculam, o eleitor esquecerá o vexame da bancada do ônibus do choque.