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Por que é importante ter mulheres na política
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Plenário da Câmara: quantas mulheres há na foto?

Texto da repórter Amanda Audi:

Um dos tópicos do pacotão da reforma política, a Câmara Federal deve votar nesta quinta-feira a possibilidade de reserva de no mínimo 30% das vagas do Legislativo para mulheres.

Não há consenso, mas a tendência maior é que o item seja derrubado. Ele é defendido principalmente pela bancada feminina, que representa apenas 10% do Congresso. Nem de longe passa perto do número de votos necessários para a aprovação (308).

À primeira vista, pode parecer um benefício sem justificativa para mulheres, uma espécie de “bônus” para largar na frente na política. Mas antes de chegar a essa conclusão, temos que responder a seguinte pergunta: por que é importante que as mulheres estejam na política?

A resposta mais óbvia é representatividade. Se o público feminino corresponde a 52% do eleitorado, é no mínimo estranho ter 10% de representação no Congresso, 12% nas prefeituras e 3,7% entre os governos estaduais. Ter uma mulher como presidente do país parece, nesse contexto, um “acidente de percurso”.

Em segundo lugar, todos os partidos têm dificuldades em preencher a cota de 30% das candidaturas em época de eleições. Muitos, inclusive os de esquerda, se valem de “laranjas” para cumprir a obrigação. A justificativa quase sempre é que as mulheres não se interessam muito por política.

Mas política é algo de primeira necessidade na vida de qualquer pessoa. Decisões políticas pautam a nossa vida, desde os investimentos em itens essenciais, como saúde e educação, até a arte de negociar para resolver problemas do bairro. Então por que diabos mulheres não se interessariam por política?

Eleanor Roosevelt, ex-primeira-dama dos EUA, já disse que mulher na política “tem que ter pele grossa como a de um rinoceronte”. Ou pelo menos fingir que tem a couraça. Se não, deixa de ser respeitada, não faz valer seus pontos de vista, é diminuída pelos homens – estes, sim, seriam acostumados à dureza da vida pública. À mulher, o senso comum diz que cabe o lar, a família, os assuntos leves, nada que aflore os nervos, nada que promova embates.

Desse jeito, ficamos (me incluo) sem representantes de pautas verdadeiramente importantes às mulheres. Políticas públicas que nos permitam andar na rua sem medo de sofrer uma violência, por exemplo. Garantias para estudar, trabalhar e ter oportunidades. Enfim, coisas que parecem básicas, mas que não podemos esperar que um homem pense por nós. Não que eles não possam fazer isso. Mas simplesmente porque nós podemos fazer.

Ter mais mulheres na política não significa, necessariamente, que teremos pautas feministas (ou seja, que ajudem a emancipar a mulher). É só vermos as mulheres que já temos na vida pública, que não costumam focar nestas questões. Mas já seria um começo.

Podemos discutir se a cota de 30% do Congresso para mulheres é a melhor saída para melhorar a representatividade. De qualquer maneira, o assunto tem que ser discutido. Não pode morrer hoje, se a proposta for barrada.

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