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A manchete desta segunda da Gazeta mostra que 30 dos 38 vereadores de Curitiba usaram seu mandato para pedir benefícios para a própria rua em que moram. Quem quiser uma rua bonita parar morar, a partir de agora, já sabe o truque: tente descobrir a vizinhança de um deles. Tudo estará sempre ajeitado por lá.

A reportagem mostra uma prática comum mas que ficava escondida nos registros da Câmara. Com a internet, agora, é possível ver com mais clareza como os vereadores conseguem renovar seus votos na região em que vivem.

A maioria alega que fez os pedidos de melhorias por insistência dos vizinhos. Vários, para se justificar, usaram a mesma frase. “Se eles não me virem fazendo algo pela própria rua, como vão acreditar que faço algo pela cidade”.

Só que o papel do vereador, sabe-se, nao tem nada a ver com pedidos de obras. Eles deveriam basicamente legislar e fiscalizar o Executivo. Como fazem pouca fiscalização, acabam se tornando despachantes do Executivo.

Veem um buraco de rua? Avisam a prefeitura. A lâmpada do poste queimou? Faça-se um requerimento. O vizinho pediu? Encaminhe-se para o protocolo. E, se o prefeito atender, a vizinhança fica feliz e o sujeito vai garantindo a reeleição.

A proximidade com a prefeitura e os pequenos projetos de melhoria (que nem deveriam ser parte do trabalho do parlamentar) vão virando assim uma máquina de garantir votos no bairro que cada um domina.

O sistema de requerimentos é uma maneira de perpetuar o pequeno feudo que cada um conseguiu para si. Além de, claro, poder beneficiar a própria rua em que cada um mora…

PS: A matéria sobre os vereadores exigiu cerca de 70 entrevistas, além de consultas insistentes a sites, etc. Espero que isso desculpe a enor atualização do blog no fim da semana passada.

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