Muitas vezes a ideia de tirar os políticos de certas funções, ou de retirar sua influência sobre certas áreas da vida social, pode levar a uma diminuição da democracia. Quando querem impedir, por exemplo, que políticos interfiram na economia (dando autonomia ao BC) ou quando alguém sugere que era melhor ter só técnicos em ministérios em secretarias, isso pode ser problemático. Políticos são eleitos, representam a população. Técnicos podem entender mais de algo, mas se só eles dominassem, não seríamos uma democracia – seríamos uma tecnocracia, uma aristocracia com base em conhecimento.
Mas em alguns casos pontuais a substituição de políticos por técnicos, pelo contrário, seria um reforço da democracia. É o caso, principalmente, quando se trata de escolher quem vai fiscalizar os demais políticos. Caso típico é o do Tribunal de Contas. Hoje, os técnicos são minoria nos TCs. A maioria chega lá por indicação de governadores e deputados. São amigos do rei – e mesmo que não tenham sido escolhidos por isso, sempre paira a dúvida.
Ivan Bonilha, que assumiu nesta quinta a presidência do TC paranaense, é técnico competente, não se duvida. Tanto é que ajudou o governador atual, Beto Richa, a chegar até onde chegou. Foi um de seus principais assessores na prefeitura e no início do governo. Talvez por isso mesmo, tenha sido escolhido para o Tribunal de Contas. Agora, vai presidi-lo.
Evidente que tudo foi feito na legalidade e que Bonilha tem todo o direito de exercer o cargo. Pode ser que aja com total independência. Tomara. Mas fica sempre aquele leve mal-estar de todos saberem que ele é amigo e foi colaborador do principal político a ser fiscalizado no estado. Daquele por cujas mãos passa mais dinheiro público. Em tese, Bonilha deveria até mesmo se declarar impedido de julgar as contas de Richa. Como presidente, como poderia fazê-lo.
O sistema tem um problema. Seria preciso debatê-lo mais, no mínimo.
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