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Romanelli acusa Requião de transformar PMDB em um “Arenão clientelista e conservador”
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O deputado Luiz Claudio Romanelli saiu do PMDB para o PSB. Saiu porque perdeu a parada para Roberto Requião, que queria tirá-lo da liderança do governo Beto Richa (PSDB). Agora, no novo partido, escreveu um artigo explicando sua versão dos fatos.

Depois de 35 anos no PMDB, diz que a direção paranaense do partido (leia-se, Requião), transformou o partido para pior. Na sua acusação, “o partido democrático, de mudanças, virou um Arenão – clientelista, conservador e, por vezes, golpista”.

Leia o texto na íntegra:

Porque navegar é preciso

Há 50 anos, em março de 1966, nascia o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, que reuniu políticos progressistas oriundos dos partidos políticos extintos pelo Ato Institucional nº 2. Mais do que um partido, era uma frente na luta contra a ditadura, a repressão militar e na defesa dos direitos fundamentais: liberdade, igualdade e democracia.

Em 1980, por força da reforma partidária, surge o PMDB, partido majoritário da oposição. Foi neste PMDB, símbolo de resistência contra o regime militar, aos meus vinte e poucos anos, idealista e combativo, tive a honra de ser um dos fundadores do partido no Paraná.

Fui um privilegiado, pois convivi com políticos como Euclides Scalco, José Richa, Alvaro Dias, Walter Pecoits, Maurício Fruet, Enéas Faria, Waldyr Pugliesi e tantos outros homens públicos de caráter e conduta irretocáveis. No campo nacional, contávamos com Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Teotônio Vilela e Tancredo Neves como figuras de maior expressão.

Na primeira eleição direta aqui Paraná, em 1982, trabalhei para eleger José Richa governador e Alvaro Dias senador. Como na música Tanto Mar, de Chico Buarque, a vitória “foi bonita a festa, pá, fiquei contente, ainda guardo renitente um velho cravo para mim”.

Mas era só o começo. Tivemos nesses 30 anos de PMDB do Paraná uma trajetória de companheirismo, solidariedade, sonhos e objetivos comuns. Articulamos aqui o memorável comício de janeiro de 1984, o início das Diretas Já, mais uma bandeira de esperança. E cheio desta esperança em dias melhores que estive em todas as campanhas seguintes, sempre pelo PMDB: Roberto Requião à prefeitura de Curitiba, em 1985; Alvaro Dias governador, em 1986; Requião ao governo, em 1990; na oposição ao governo Lerner nos anos 90, com uma voz solitária, mas firme, contra a implantação do pedágio; e na vitoriosa campanha de 2002 que reconduziu Requião ao governo, quando implantamos projetos importantes para a redução da desigualdade e crescimento do Paraná.

Obviamente, vivi também momentos de tristezas, como as divergências entre grupos que se digladiaram pelo poder. Isto fez com que, progressivamente, o partido perdesse espaço e credibilidade. Intensificado por alianças duvidosas, o partido acabou por perder a sua identidade e elitizar-se.

O partido se estagnou.  Com grupos em brigas permanentes, sem perspectiva de conciliação, deixou de ser um espaço em que conviviam em harmonia diferentes correntes de pensamento e de visão do mundo, com respeito mútuo e diálogo.

No Paraná, este processo intensificou-se nos últimos anos, quando um grupo tomou uma série de decisões arbitrárias e perseguiu companheiros que ousaram se opor às decisões do comandante. Atitudes de nenhuma forma democráticas, como a dissolução de centenas de diretórios municipais em todo o estado.

Sendo assim, do meu PMDB, resta muito pouco ou quase nada. O partido democrático, de mudanças, virou um Arenão – clientelista, conservador e, por vezes, golpista.

E é nesta situação, que me desligo do PMDB e anuncio a minha filiação ao PSB – Partido Socialista Brasileiro, partido o qual continuarei a militar com os mesmos ideais que me levaram, ainda jovem, a entrar na vida pública: construir um país mais justo, democrático e melhor para todos e todas.  Aos meus companheiros, só tenho a agradecer pela lealdade, amizade e parceria.

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