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Sambódromo em Curitiba, com dinheiro público, é um erro
| Foto:
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Acadêmicos da Realeza se prepara para o carnaval 2013

Então agora o pedido é para que se construa um sambódromo em Curitiba. E há apoio para a ideia, ao que parece. Claro, a obra, pede-se, seria feita com dinheiro público. Mas, vejamos, existe um bom argumento para isso?

É claro que o poder público tem a obrigação de investir em cultura, e faz isso muito menos do que devia. Isso não se discute. É claro, também, que pode e deve investir em arte popular, nada contra. Mas quais são os critérios?

Porque, é preciso lembrar, não há dinheiro sobrando, e é preciso escolher o que bancar. Não nasce em árvore. E normalmente há uma concordância de que, na área de cultura, há dois critérios para escolher o que patrocinar com verba pública.

1- É preciso que o projeto escolhido traga benefícios culturais.

2- Tem de ser algo que não se pague por si mesmo, que não tenha interesse comercial.

Começando pelo primeiro ponto. O carnaval é uma festa popular importante, não há dúvida. Mas que tipo de benefício se garante ao patrocinar (por meio da construção do sambódromo) um desfile de escolas de samba?

Não se trata de uma tradição local, por exemplo. Se fosse o caso, teria de se patrocinar, sim, um grupo de fandango. Um bloco cultural histórico. Um desfile de Reis típico. As escolas de samba, neste formato, não são uma tradição histórica, são uma cópia do que se faz no Rio de Janeiro…

Nada contra o desfile. É bom que exista. As pessoas se divertem nele, certo? Diz-se que 30 mil pessoas acompanham o desfile na Cândido de Abreu, por exemplo. Mas aí vem o segundo ponto.

Se tanta gente gosta e quer, trata-se de uma atividade que tem potencial comercial. E, nesse caso, as pessoas interessadas têm como fazer isso por conta própria. Se 30 mil pessoas pagarem ingressos a R$ 5 já dá um bom dinheiro. Se conseguirem patrocínio para anúncios, muito mais dinheiro haverá.

Mas há uma noção no Brasil de que toda arte ou forma de cultura tem de ser bancada pelo Estado, o que é uma mentira e uma afronta ao erário, que tem tanta coisa em que investir. Tudo tem de ter dindim do povão: da revista de poemas ao filme da Xuxa… Por quê?

Entende-se o patrocínio a um grupo de lundu. Ou a uma orquestra de Câmara, que não tem como se bancar, talvez. Mas desfile comercial de escolas de samba? Parece simplesmente surfar no nosso estatismo cultural mais uma vez.

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