A reportagem de Veja sobre o mensalão é daquele tipo que causa comoção nos meios políticos. Especialmente entre os ativistas de internet, que ficam de um lado e de outro acreditando no que querem, muitas vezes sem pensar, apenas atirando para o lado que lhes convém.
Os petistas raivosos denunciam a Veja por ser tucana (e é verdade) e dizem que nada de lá faz sentido. Ainda mais agora com Policarpo Júnior citado no caso Cachoeira e assinando a matéria.
Os antipetistas raivosos dão a entender que sempre souberam que Lula era o chefe da gangue e que a reportagem sepulta de vez qualquer hipótese de inocência do ex-presidente. Nos dois casos, muito barulho e pouco raciocínio. É a democracia, faz parte.
Mas o que interessa mesmo não é a reportagem. Isso é o de menos. O ponto é: Marcos Valério afinal está disposto mesmo a vir a público e falar o que sabe? Porque de uma coisa, a essa altura, ninguém duvida: o homem sabe de coisas.
Um depoimento público de Valério poderia ser mais grave para a era Lula do que uma condenação no Supremo. Porque, bem ou mal, os fatos que o STF está analisando agora já são públicos. A condenação só confirma o que o distinto público já absorveu.
Mas e se houver mais? E se Valério realmente falar sobre um caixa maior? Sobre outras empresas financiadoras? Roberto Jefferson parece não ter nada mais a dizer. E era periférico no esquema. Mas Valério. Ah, Valério era a engrenagem central.
Se existem mesmo fitas dele falando, a coisa muda de figura. Esperemos para ver.
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