Minha amiga Sandra Gonçalves e eu discordamos em muita coisa em relação a política. Estamos de lados opostos em muitos assuntos: como convém numa democracia saudável, é sempre bom ser amigo de quem pensa diferente, e nunca entrar no jogo besta de só tolerar os iguais.
Mas nessa semana ela falou exatamente o que eu estava pensando sobre o caso Obama. Por que os Estados Unidos, possivelmente um país mais racista do que o nosso, vão eleger um, negro presidente, e nós não o fazemos?
O ponto, segundo ela, e eu concordo, é que lá o jogo é feito mais às claras. O racismo não é negado, como aqui. E os negros, assim, tiveram o direito de ir atrás do que lhes era devido. Levantaram a cabeça e brigaram: na base do cacete, como com Malcolm X, ou na base da paz, como no caso do grande reverendo Martin Luther King.
Aqui, não. Fazemos o jogo às escondidas. E se um negro quer brigar por algo, contra o racismo, pode ser que alguém diga: que racismo? Nossa ocultação do problema dificutla a sua própria resolução.
Somos racistas mais competentes do que os norte-americanos.
Mas a eleição de Obama, que deve se confirmar hoje, é efetivamente um dos maiores golpes possíveis contra o preconceito racial. Talvez apenas um Papa negro tivesse mais efeito.
Veremos.
Enquanto isso, fica outra pergunta: quando nós, aqui no Brasil, elegeremos um presidente negro? Ou, por outra, citando outra Sandra, a Stropparo, se Lula fosse um pouco mais escurinho, teríamos feito dele presidente?
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