• Carregando...
Urbs paga preço por não ter modernizado sistema
| Foto:

onibus

É claro que em uma greve nunca é possível colocar 100% da responsabilidade das ações sobre uma das partes: normalmente as duas partes, patrões e empregados, têm responsabilidade sobre os efeitos da paralisação. No caso da grave de hoje, a responsabilidade dos cobradores é evidente: a decisão de paralisar o serviço foi deles, e só a Justiça poderá dizer se eles tinham ou não razão de reclamar de sua atual situação.

A responsabilidade do poder público é de outro tipo. Tem a ver com duas coisas. Em primeiro lugar, com os salários da categoria, que são realmente baixos. Hoje um cobrador ganha pouco mais de mil reais por mês para uma tarefa que inclui alto risco de assalto, exposição ao frio e ao tempo (no caso dos cobradores que ficam em estações-tubo) e a responsabilidade de lidar com dinheiro alheio o tempo todo.

Mais do que isso, a falta de atualização tecnológica do sistema mantém a prefeitura sem ter alternativas para substituir o trabalho dos cobradores. Quando tenta “modernizar” o sistema, por mera contenção de custos, faz isso de maneira brusca, como nos micro-ônibus: simplesmente tira o cobrador sem o substituir por nada. O motorista que se lasque fazendo cobranças enquanto pilota.

O certo, obviamente, seria modernizar o sistema de fato, implantando um sistema de cobrança eletrônica caso se queira tirar o cobrador. Hoje, o sistema de cartão de Curitiba é totalmente bizarro. Exige que o sujeito faça um cadastro na Urbs, que enfrente filas em pouquíssimos pontos de recarga, que libere os créditos em outro lugar (e também não há muita oferta), e que torça para a liberação ocorrer na hora de ele pegar o ônibus.

Se o sistema fosse simples, se tudo pudesse ser feito em bancas de jornal (como ocorre com créditos de telefone celular, por exemplo), muito mais gente usaria o sistema. Se houvesse desconto para quem compra mais passagens por mês, claro que a população iria aderir. Mas não é o que acontece. Pelo contrário: a ideia no caso dos micro-ônibus chegou a ser a de proibir o pagamento em dinheiro para obrigar o cidadão a fazer o périplo à Urbs mensalmente.

A obrigação do serviço público é facilitar a vida do cidadão. No caso dos cobradores, a prefeitura está pagando por ter continuado a depender de um serviço pelo qual está pouco disposta a pagar mais. Os trabalhadores têm culpa? Ok. Mas a Urbs tem também a sua parcela de responsabilidade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]