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Muita gente já reclamou (em Twitter e coisas do gênero) da matéria de hoje da Folha de S. Paulo sobre a saúde dos dois candidatos à Presidência. A própria Dilma Rousseff deu a entender que a pergunta sobre como estava, depois do câncer que teve em 2009, era deselegante, no debate Folha/Uol.

Mas não é bem assim: a pessoa que for assumir a Presidência da República tem de prestar contas da população sobre suas condições. O eleitor tem de saber se o candidato tem ou não condição de cumprir os quatro anos de mandato, por mais que isso possa parecer deselegante a alguém.

Na verdade, a gritaria foi substancialmente reduzida pelo fato de o médico dos dois ser o mesmo e por garantir que ambos estão bem. Caso dissesse algo em contrário, porém, não deveríamos saber?

Como lembrou o grande Elio Gaspari na época do debate do Uol, alguns problemas passados poderiam ter sido evitados com perguntas do gênero.

“Seria deselegante perguntar em 1966 ao general Costa e Silva como estavam suas coronárias? Estavam entupidas, e ele saiu do ar em 1969, no meio do mandato, atirando o Brasil num período de anarquia militar.

Seria deselegante perguntar em 1978 ao general Figueiredo se era cardiopata? Era. Tivera um enfarte que passara despercebido e teve outro em 1981. Seu governo, que já tinha pouco rumo, perdeu-o de vez.

Seria deselegante perguntar em 1984 a Tancredo Neves por que vivia apalpando a virilha? Um tumor (cuja existência temia, mas não conhecia) incomodava-o havia meses.”

O eleitor também sabe da importância disso. No penúltimo Datafolha*, 46% dos entrevistados disseram considerar importante saber se o candidato está bem de saúde.

Portanto, sem pudores demasiados. Saber da saúde de Serra e de Dilma faz bem para nós e para a democracia.

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