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Protestos em Curitiba: ainda por explicar. Foto: Tomas Rieger.

Protestos em Curitiba: ainda por explicar. Foto: Tomas Rieger.

Dizem que os governos ainda não conseguiram entender as manifestações que tomaram as ruas de boa parte do país, ontem. Não é à toa. É bem possível que os próprios manifestantes não sabiam entender, muito menos explicar o porquê de estarem nas ruas. A expressão que li e que parece mais dar conta do que houve foi dita por uma professora carioca: segundo ela, o que há é um “descontentamento difuso”.

Acho que é isso mesmo. São os 20 centavos da passagem, mas não é bem isso. É a Copa, são estádios, e quanto isso tirou da educação, mas não é só isso. É o caos na saúde, mas isso também não é tudo. É a prefeitura de São Paulo, mas também a repressão da Polícia Militar e do governo do estado, e, claro, também é contra Dilma.

Dia desses, somada aos protestos das ruas, houve uma vaia a Dilma Rousseff na abertura da Copa das Confederações. Lula também foi vaiado no Pan-Americano, lembram? Minha memória mais curta foi reavivada por outras melhores. Roberto Requião, que posa de esquisitão mas que no fundo de bobo não tem nada, escreveu no Twitter que os políticos da oposição não devem se sentir afagados com a vaia: a vaia foi para os políticos em geral. “sintam-se vaiados”, disse ele, incluindo-se na lista. Tem razão.

O que parece haver é uma insatisfação geral, que não é contra isso ou contra aquilo, mas uma desilusão geral com o país, com quem o gere. Com a falta de promessas ou com as promessas quebradas. Contra as ilusões perdidas, ou pela falta de ilusões a perder. O problema é que não falta com o que se revoltar, mas não há ninguém que aponte uma direção única e diga: o problema é esse e pode ser superado assim.

Descontentamento difuso. No fundo, o pessoal que foi às ruas, imagino, sabe que quer um país melhor mas não tem muita ideia de como conseguir isso. E, no fundo, acho que eles estão dizendo: nem somos nós que temos que apontar as soluções. Nosso papel é mostrar que estamos descontentes, que há algo errado e que sabemos disso.

É algo. E não pode ser desprezado. Não é uma revolução, mas uma mostra de que, pelo menos, ninguém está disposto a ser desiludido o tempo todo.

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