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Cara comadre Sandra,

Vamos começar a semana colocando alguns pingos nos is. Essa história de eu pertencer à família abonada chega a ser uma heresia. Armadores lá no Rio Grande, só se for de confusão.

O velho Carpim, um de meus bisavôs, aproveitava-se da profissão de músico para chegar embalado em casa toda a noite. Dizem que a nona o deixava dormir na soleira da porta, mesmo em noite de geada.

Meu tio bisavô Zeca Borges, que morreu com 106 anos, convidou toda a cidade para o churrasco do centenário. Só não avisou a família, e a festa virou bingo de igreja. Tiveram que distribuir fichas para os convidados a fim de evitar confusão.

Mais recentemente, um primo vestiu-se de…Ah, mas deixa pra lá. Só estou difamando os parentes com essa conversa fiada.

Outro pingo em i que queria ajustar diz respeito aos objetivos desse nosso tão despretensioso blog.

A querida leitora Bia diz que estamos muito apegadas à pauta dos outros, que devemos trazer assuntos bombásticos, denúncias retumbantes e coisas que tais.

Conquanto respeitemos sua opinião, cabe dizer que os temas de nosso interesse são justamente esses sobre os quais todo mundo está falando. Ou não seríamos legítimas candinhas, debruçadas na janela, vendo a banda passar.

Querida Bia, passou aqui na calçada, caiu na nossa boca.

Quem não quiser ouvir palpite, pitaco ou conselho que evite a nossa janela. Veja ali a carinha da minha comadre Sandra, de quem antecipa diversão grátis.

Beijão comadre, quatrocentona da Ilha da Madeira, ora pois.

***

Querida Marisa,

Muito boas falas. Agora está claro que somos duas palpiteiras sem muita estirpe, mas com senso crítico.

E se tem alguém que anda merecendo uma enorme vaia nossa é o juiz Bento Luiz de Azambuja Moreira, lá da 3.ª Vara do Trabalho de Cascavel.

É claro que na medida do possível devemos prestigiar os dignatários dos três poderes, comparecendo diante deles com nossas melhores roupas.

Mas Joanir Pereira, um desempregado, indo justamente à audiência de sua ação reclamatória trabalhista no dia 13 de junho, não estava exatamente em condições de dar uma passadinha no shopping antes de ir ao fórum. Foi de chinelo e teve a audiência adiada pelo juiz.

Recentemente, em Brasília, o deputado Mão Branca foi proibido de usar chapéu. Gosto à parte, acho que a indumentária, desde que digna — como era a de Joanir, que trajava calça e camisa — deveria contar bem menos que o comportamento.

Em Brasília, cidade de clima muito abafado, considera-se vergonhosa a falta de paletó e gravata, mas não a falta de escrúpulos para lidar com o dinheiro público.

Ainda bem que a OAB do Paraná tratou de emitir uma nota de repúdio à atitude do juiz de Cascavel.

Esse mundo está mesmo invertido, não comadre?

Beijo para você.

Sandra

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