Querida amiga Sandra,
Há dias ensaio um novo post para o blog, mas desanimo diante da enorme fatalidade que se abateu sobre nós.
Cerca de 200 vidas se perderam na explosão do Airbus da TAM, na terça-feira à noite, e a perplexidade diante da desgraça só cresce desde então.
Cresce quando surgem indícios de que o acidente estava mais do que anunciado e, provavelmente, poderia ter sido evitado; e cresce quando fica evidente que as autoridades permanecem imobilizadas diante da tragédia.
Tudo se relativiza quando a gente vê, desmanchada em dor, jogada no chão do aeroporto, a mãe que perdeu dois filhos adolescentes. O que dizer diante dos corpos enlaçados de mãe e filha, dentro do carro que aguardava abastecimento no posto de gasolina atingido pelo avião?
Nem sei o que dizer. Talvez não haja o que dizer, mas certamente há muito para exigir. Difícil é arrumar forças para isso. Parece que nossas energias vêm sendo drenadas pela desesperança.
Um abraço,
Marisa
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Querida Marisa
Também cheguei a escrever duas ou três frases. Desisti. Não fui capaz de encontrar palavras que pudessem falar de todas as emoções que me tomaram quando soube da tragédia no aeroporto de Congonhas, quase o quintal da casa da minha infância.
Pensei em pôr um aviso, como fazem os comerciantes: FECHADO POR LUTO. Mas esse nosso sentimento é mais que luto. É uma revolta sufocada pela desesperança, como você bem definiu.
Não é fácil aceitar que 200 vidas tenham sido perdidas pela inépcia dos administradores públicos e que 200 famílias tenham, agora, de conviver com a dor da perda abrupta e evitável.
Sem palavras ou forças, por ora, partilhamos da dor dos que foram direta ou indiretamente atingidos.
Abraço da Sandra
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