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Minha caríssima comadre Sandra,

Tinha resolvido falar de outra coisa que não fosse praça, porque essa discussão sobre a pracinha do Batel já está me dando nos nervos.

Mas, é Dia dos Namorados, olhei os blogs dos colegas da Gazeta e quase todos falam sobre a data…

Daí me lembrei que antigamente os namoros começavam, ou pelo menos prosperavam, na praça da cidade. Minha mãe conta do “footing” nas tardes de domingo, ao redor do coreto da Praça Tamandaré, lá em Rio Grande. Ela jura que não freqüentava o vai-e-vem porque o chão da praça não era pavimentado e os pés ficavam pretos. Quanto romantismo!

Quem conhece as praças de Montevidéu e de Buenos Aires sabe que até hoje só há lajotas junto aos passeios. Sob as árvores e em torno dos canteiros, pisa-se naquela terra preta, quase uma cinza. É o toque mágico das praças meridionais.

E de tanto pensar em praça, me ocorreu que os estudos sobre segurança pública sempre apontam a falta de lugares para lazer e recreação como um dos vetores para o envolvimento de crianças e jovens com o crime.

Então…Toda essa consciência política e urbanística que se levantou nas últimas semanas, em torno da abonada pracinha do Batel, bem podia dar início a um movimento pacífico e cidadão por mais praças na cidade.

Mas não nos bairros de farta infra-estrutura. Eu falo dos arrabaldes, das franjas da cidade, como gostam os urbanistas. Falo da Vila Trindade, no Cajuru; das favelas do Parolin, a dois passos do Centro; das vilas do Sítio Cercado, ao sul da cidade; das Vilas Verde 1, 2, 3…, lá nas bandas da CIC.

Por sinal, como tem areia de sobra e calçamento de menos nessas regiões, as praças podem sair bem barato. É só arrumar o terreno e plantar uma placa avisando que elas foram inspiradas nas charmosas praças portenhas, em que o chique é sujar o pé enquanto se limpa a alma na copa verde das árvores.

Um beijo de sua amiga

Marisa

***

Comadre Marisa

Esse 12 de junho te pegou de jeito. Isso de limpar a alma na copa verde das árvores tá poético demais…

Você tem toda a razão. É preciso mesmo tratar de instalar praças, democraticamente, por toda a cidade. Até porque a descentralização do lazer e de outros serviços contribuirá, ironicamente, para aliviar o trânsito que tem sido o vilão da história na pracinha daquele bairro elegante.

Praça é sempre bom e todo pagador de IPTU merece. Viva ele nas áreas centrais ou, como você diz, nos arrabaldes.

Beijão e comemore a data a valer com o compadre.

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